Deputado filho de brasileiros eleito nos EUA reconhece que mentiu no currículo

27 de Dezembro 2022 - 08h22
Créditos:

George Santos, um americano filho de brasileiros que foi eleito deputado nos Estados Unidos, confessou que não contou a verdade aos eleitores nesta segunda-feira (26), depois de uma série de publicações na mídia do EUA sobre mentiras que ele havia dito sobre seu currículo profissional e acadêmico.

Ele reconheceu em entrevista ao jornal "New York Post" que não contou a verdade, mas disse que ter mentido não é motivo para que ele deixe de assumir o cargo para o qual ele foi eleito.

"Meus pecados aqui são embelezar meu currículo. Eu sinto muito", ele afirmou, segundo o jornal.

Membros do Partido Democrata haviam dito que ele deveria renunciar antes mesmo de assumir.

Santos é do Partido Republicano. Ele foi eleito por um distrito do estado de Nova York em novembro.

O filho de brasileiros disse durante a campanha que havia se formado no Baruch College em 2010; agora ele reconhece que ele não se formou nessa instituição —ele afirmou que não fez ensino superior.

Santos também havia afirmado que tinha trabalhado no Citigroup e no Goldman Sachs; agora ele diz que não trabalhou diretamente para nenhuma dessas empresas. Ele afirmou que trabalhou em uma outra empresa, Link Capital, que eventualmente fazia negócios com os bancos que ele citou.

Segundo o "New York Times", em 2008, quando George Santos tinha 19 anos, ele morava em Niterói, no Rio de Janeiro, e roubou um talão de cheques de um paciente que era tratado por sua mãe (a mãe de George Santos era enfermeira).

As informações da Justiça brasileira mostram que ele fez compras com o talão de cheques (inclusive um par de sapatos). Em 2010, George confessou os crimes, e a Justiça permitiu que ele não fosse preso.

Em sua entrevista ao "New York Post", esse crime é o único trecho da reportagem sobre as mentiras de George Santos que ele negou. "Não sou um criminoso aqui, nem no Brasil e nem em nenhuma jurisdição no mundo. De jeito nenhum, isso não aconteceu", ele disse.

Santos publicou um documento sobre suas finanças. Ele afirma que emprestou cerca de US$ 700 mil (R$ 3,6 milhões) para a própria campanha. Ele diz que nos últimos dois anos teve um salário anual de US$ 750 mil e que recebeu mais de US$ 1 milhão de dividendos de sua própria empresa, a Organização Devolder.

Durante a campanha, ele descreveu a empresa como uma firma familiar que gerenciava ativos que, somados, valem mais de US$ 80 milhões. No documento sobre suas finanças, ele diz que a empresa faz intermediação entre fundos de investimentos e investidores.

O "New York Times" não achou nenhuma evidência de que a família de Santos tenha propriedades.

Com informações de G1