
Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará desafios redobrados no seu terceiro mandato como presidente da República. No primeiro discurso como presidente eleito, ontem, Lula afirmou que sua prioridade será acabar com a fome no Brasil. Sem dar pistas sobre quem estará à frente da equipe econômica do novo governo, o petista foi enfático ao afirmar que vai fazer "a roda da economia voltar a girar".
Essa tarefa não será fácil, especialmente porque o atual governo deixará como herança um rombo fiscal gigantesco, devido à série de benefícios adotados nos últimos meses.
Lula, segundo analistas, precisará se distanciar de economistas da esquerda tradicional e escolher, para o comando da equipe econômica, alguém com perfil de centro, que possa recuperar a capacidade de controlar as despesas, depois que o atual governo destruiu a última âncora fiscal em vigor: o teto de gastos.
O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, responsável pela implementação do teto de gastos, em 2016, e cotado para compor a equipe econômica de Lula, aposta na reforma administrativa como prioritária para abrir espaço fiscal para as medidas que o presidente eleito defende. "A prioridade no início do governo seria criar fontes de receita para os programas sociais e os investimentos em infraestrutura. Nesse sentido, a reforma administrativa seria fundamental, porque eliminaria despesas desnecessárias e criaria condições de estabilidade e de responsabilidade fiscal para que se possa ter investimentos em toda a economia, criando emprego e renda em toda a sociedade brasileira. Esse é o caminho", afirmou Meirelles.
Meirelles, que ocupou recentemente a secretária de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, reconheceu a necessidade de uma discussão sobre novas regras fiscais, e também defendeu um waiver de gastos em 2023, mas com a manutenção de um limite para as despesas. "A minha sugestão é que se faça uma excepcionalidade (para as despesas) e a reforma administrativa, em 2023, para criar espaço dentro do teto para investimentos em infraestrutura. Isso é muito importante para discutir, com calma, se é necessária uma reformulação das regras fiscais ou um ajuste no teto", acrescentou.
Com informações de Correio Braziliense