“Bomba” encontrada em Natal se parece com morteiro do tempo da guerra

16 de Janeiro 2024 - 13h50
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Na segunda-feira, 15, policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do RN (Bope – PMRN) realizaram com sucesso a desativação de uma possível carga explosiva, encontrada em um canteiro de obras, na Rua Coronel Luciano Saldanha, em Capim Macio, zona Sul de Natal.

As informações iniciais apontavam como sendo uma “bomba” da segunda guerra mundial, o que não fazia sentido, tendo em vista não ter ocorrido bombardeios em Natal durante o período e nem os americanos realizaram qualquer exercício conhecido, naquela área. Outra hipótese levantada é de que se tratava de um artefato da Força Aérea Brasileira (FAB), pois durante anos a organização militar utilizou uma área próxima como estande de tiros, às margens da Avenida Engenheiro Roberto Freire.

 A imagem do objeto antes da detonação pela PM indica ser uma carga de morteiro 60 mm ou 81 mm, e pelas características o mais provável ser a segunda opção, utilizada em larga escala até os dias atuais pelo Exército Brasileiro (EB), que nas proximidades conta com o 7º Batalhão de Engenharia e Combate (7° BE Cmb) e uma ampla área de treinamento no Parque das Dunas, entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Centro de Convenções de Natal.

Resta saber a real origem da “bomba”, que parece muito com uma “Granada Explosiva” modelo HE L36 e que serve de munição para morteiro 81 mm. De acordo com manual de operações do EB, a explosão de tal instrumento pode ser letal num raio de 40 metros e causar perigo em até 190 metros com estilhaços atingindo distâncias maiores. A carga tem um alcance mínimo de 100 m e máximo de 5.800 m, podendo demorar entre 18 e 48 segundos deste o disparo até atingir o alvo.

Devido ao tempo e estar enterrada, algumas características que poderiam ajudar na identificação correta do artefato não estavam visíveis. Por exemplo, se fosse possível identificar a cor azul clara no corpo e uma ranhura ao redor, logo acima da cinta, era muito provável ser uma granada L27, também conhecida como “Granada de Exercício Inerte”, de baixo alcance, entre 25 e 75 metros, e como o próprio nome diz: inerte.

Munição antes de ser detonada pelo PMRN 

Apenas com as imagens fica difícil definir se a granada era ou não da segunda guerra mundial, tendo em vista, que os próprios soldados da Força Expedicionário tiveram contato com este tipo de morteiro, utilizando até os dias atuais pelo Exército como armamento de campo e treinamento.

Por segurança, a conduta da PM é tratar o objeto como um explosivo real, provocando sua desativação. Este não foi o primeiro explosivo encontrado em Capim Macio. No ano de 1993, um resto de foguete Sbat-70 foi encontrado, apontado como sendo resíduo do campo de treinamento da FAB. Em março de 2023, próximo a Pureza/RN, foi encontrado um projetil de 105 mm, também desativado pela PM.

Munição moderna de morteiro 81 mm sendo transportada em blindado do EB (Foto: Exército Brasileiro)

Modelo de Granada L27 ilustrada no manual do Exértico Brasileiro

Modelo de granada em uso com morteiro 81 mm.

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