As comemorações do Dia da Vitória em Natal

10 de Maio 2022 - 10h15
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O dia 8 de maio de 1945 ficou marcado na história como o “Dia da Vitória”, celebrando a rendição alemã e o fim da Segunda Guerra na Europa, com o suicídio de Adolf Hitler e a prisão de dezenas de nazistas do alto escalão. As comemorações se repetiram em diversas cidades do mundo, inclusive em Natal, onde existia uma das maiores bases aéreas a serviço dos aliados: “Parnamirim Field”.

A cidade viveu um misto de sentimentos; um alívio pelo fim da guerra e das atrocidades na Europa e ao mesmo tempo o receio com a debandada dos dólares gastos no comércio local com a presença dos americanos desde 1941. O câmbio era de um dólar para 18 cruzeiros, e muitas vezes os comerciantes não faziam a compensação, lucrando como nunca antes visto.

Contudo, o sentimento de festa superou todos os receios, por determinação do Governo local foram quase três dias de celebração, conforme consta em matéria do jornal A Ordem, de 9 de maio de 1945, sob o título “As Comemorações nesta capital do Dia da Vitória”.

Ainda no dia 8 de maio, a Diocese de Natal realizou missa na Catedral, em ação de graças pela paz e com a presença das mais variadas autoridades civis, religiosas e militares, como o Secretário Geral do Estado, desembargador João Dionísio Filgueira, o comandante do Destacamento de Natal, o general Mário Ramos. Quem presidiu a cerimônia foi o vigário-geral monsenhor João Mata Paiva, representando o bispo Dom Marcolino Dantas.

Após a cerimônia religiosa, a população se concentrou na esquina da Av. Rio Branco com a Rua João Pessoa, no popular “Grande Ponto”. A cena ganhou uma decoração especial com a iluminação do céu pelos canhões de luz, utilizados normalmente nos exercícios de defesa antiaérea, quando era motivo de grande preocupação na cidade, os famosos “blackouts”. O local foi o ponto de encontro de duas passeatas, uma vinda do Alecrim e outra da Ribeira, para prestigiar uma apresentação da banda de música da Força Policial, com direito a oratória entre os presentes.

Esquina das ruas Rio branco e João Pessoal no anos 1940 (Getty Images)

Já no dia 9 de maio, a festa foi com cinema, com exposição cinematográfica na Esplanada Silva Jardim, em frente ao edifício Fernando Costa, onde hoje funciona a Delegacia Federal da Agricultura, que não é na referida esplanada, apesar de ficar bem próximo.

No último dia de festa, no 10 de maio, foi organizado uma grande para cívico-militar, na Praça Pedro Velho, com desfile dos escoteiros, desportistas e unidades militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. A tarde, uma esquadrilha da Força Aérea Brasileia realizaria uma passagem sobre a cidade do Natal. Às 18 horas, a sociedade foi convidada para evento no Teatro Carlos Gomes – atual Alberto Maranhão – com falas do major Aluísio Moura e do Dr Paulo de Vivieiros (autor de um dos melhores livros sobre a história da aviação do RN). Na parte da noite, até as 22 horas, estava autorizado atração musical nas principais prças, como Pio X, Pedro Velho, Gentil Ferreira e André de Albuquerque. Para encerrar oficialmente, a diocese programou uma outra missão, desta vez na Igreja de Santo Antônio e em ação de graças pela cessão do conflito na Europa.

E foi assim a celebração oficial do Dia da Vitória em Natal. Há registros orais de manifestações na praça Ari Parreira, na descida da Rio Branco, o que corrobora com o depoimento da matéria, tendo em vista a concentração no Grande Ponto.