A Meia-Maratona do Sol e os primórdios do pedestrianismo em Natal

21 de Setembro 2019 - 14h44
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Neste sábado, teremos a sexta edição da Meia-Maratona do Sol, que é assim chamada por ser realizada em Natal, Cidade do Sol, uma faz mais belas cidades do Brasil e que tem um percurso de rua onde o participante passa por vários cartões postais da cidade respirando o ar mais puro das Américas.

A corrida de rua se tornou "febre" no Brasil, acompanhando uma tendência mundial, com a grande estimulação, seja para o corredor amador, seja para o profissional, em participar de circuitos explorando as características de cada cidade, com trechos com variações de 5km, 10km, 21km ou 42km.

Em Natal, a corrida de rua ou pedestrianismo é praticada desde os anos 60, havendo naquela época representação forte que tinha como associados o América FC, Santa Cruz EC, Liga Macaibense de Desportos Amadores, Potengi Esporte Clube, antiga Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (atual IFRN), Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), além das Forças Armadas e da Polícia Militar, que sempre contribuiram com excelentes atletas. O Conselho Regional de Desportos, que por muito tempo foi capitaneada pelo desportista Aluízio Menezes de Melo, cuidava dos interesses deste esporte, daí a existência, até hoje, de corridas tradicionais como a “Corrida do Fogo”, a “Prova Augusto Severo” e a preliminar da “São Silvestre”, evento este que classificava os primeiros colocados para ir a São Paulo disputar a clássica prova no último dia do ano, prova esta patrocinada pelo Jornal Gazeta Esportiva.

E falar do pedestrianismo de outrora em Natal é lembrar de Luiz Cabral de Souza, multicampeão de corrida de rua e que dominou o cenário potiguar entre 1963 a 1974, sendo o nosso representante ano após ano em SP na São Silvestre e em duas oportunidades foi o 3º lugar entre os brasileiros (1968 e 1971).

Ao longo de sua carreira, Cabral teve conterrâneos adversários com quem travou grandes disputas como Israel Torres e José Alves Santana, estes nos anos 60. A partir dos anos 70, outros personagens começaram a surgir como Walter Pinheiro da Silva, Elias Severo, Sebastião Nicolau, Marlon Luiz de Freitas até a chegada de José Felipe dos Santos, em 1975, que o desbancou pela 1ª vez e passou a ser o novo campeão das provas de rua em Natal.

Ao tempo em que a tecnologia chegou também para a corrida de rua, onde os corredores possuem tênis levíssimos com amortecedores a fim de evitar lesões e impulsionam o atleta ajudando a ganhar milésimos de segundos, e se utilizam de chips para identificação e marcar, eletronicamente, o tempo dos corredores, nos primórdios a coisa era muito amadora e feita até mesmo de forma artesanal.

Não era nenhuma novidade que o atleta enfrentasse o trecho da prova correndo descalço mesmo se tratando de correr no asfalto, o que muitas vezes fazia com que o atleta chegasse com os pés totalmente machucados. Mas isso era uma opção. Muitos deles preferiam correr assim. Outro detalhe interessante era o controle da prova. Os atletas largavam com grossas fichas de papelão entre os dedos contendo o respectivo número e, ao passar pelo Controle de Fichas, soltavam no chão para comprovar que tinham cruzado por aquele posto. Ao fim da corrida, a equipe coordenadora fazia a contagem para ter a certeza de que aquele atleta, verdadeiramente, havia cumprido a corrida integralmente ou tinha pego algum atalho.

No momento em que a Meia-Maratona do Sol é a modernidade, trazemos um pouco da história da corrida de rua em Natal, lembrando de fatos pitorescos e personagens que foram destaques no passado e deixaram seus exemplos para a nova geração de corredores de rua. 

A foto que ilustra a postagem trata da largada de uma corrida de rua nos anos 60, na praia do Meio, ao lado da sede do Santa Cruz (por trás das ruínas do Hotel dos Reis Magos). Observem a Avenida Getúlio Vargas ainda arborizada e sem espigões.  Outro detalhe são as fichas de papelão entre os dedos dos corredores (Foto do Acervo de Mirocem Ferreira Lima).