200 Anos da Independência: Restos mortais de Dom Pedro I foram trazidos em 1972

05 de Setembro 2022 - 21h09
Créditos:

No último domingo, 4, encerrou a exposição do coração do imperador Dom Pedro I, no Palácio do Itamaraty – sede do Executivo Federal em Brasília –, parte da programação do bicentenário da Independência do Brasil, que será celebrado na quarta-feira, 7 de setembro. Em 2020, o blog P-47 contou a história do transporte dos restos mortais de Dom Pedro I ao Brasil, no ano de 1972, sendo exposto em diversas cidades brasileiras, por ocasião dos 150 anos da Independência. Como o blog perdeu parte de seu arquivo, segue abaixo o post de 21 de julho de 2020.

O envio do coração, conservado há mais de 180 anos, se deu após meses de negociação entre os governos do Brasil e Portugal, que se concretizou no dia 22 de agosto, quando um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fez o transporte, retornando a cidade do Porto no dia 8.

O coração do primeiro imperador do Brasil foi separado do corpo a pedido do próprio monarca, permanecendo na cidade do Porto, enquanto o resto foi sepultado em Lisboa. O ato simbólico e de muita controvérsia até os dias atuais.

O DIA EM QUE DOM PEDRO I DESEMBARCOU EM NATAL

Ao longo do tempo a Base Aérea de Natal (BANT), em Parnamirim, recebeu muitas visitas ilustres, como os franceses Paul Vachet e Jean Mermoz, o general Eisenhower, Bob Kennedy, o papa João Paulo II, entre outros. Contudo, pouca dessas visitas foram tão inusitadas como a do imperador Dom Pedro I.

Como assim? Dom Pedro faleceu em 24 de setembro de 1834, como ele poderia visitar uma base que foi idealizada em 1927 e fundada como organização militar em 1942?

Ao realizar pesquisas sobre a aviação no RN, nos deparamos com essa informaçao. Em 7 de julho de 1972, os restos mortais de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim, nosso Dom Pedro I, passaram por Natal.

Ao falecer, o imperador foi colocado no Panteão da Dinastia de Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa, Portugal. Mas em 1972, quando se comemorava o aniversário de 150 anos da independência, os despojos foram trazidos ao Brasil, atendendo a um pedido do próprio monarca em testamento. Desta vez, ele foi enterrado no Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo. Antes de chegar no novo repouso, ele fez toda uma peregrinação pelos estados brasileiros, entre eles o RN.

Às 10h30, da manhã do dia 7 de julho, um C-119* da FAB pousou na BANT vindo de João Pessoa e a urna desembarcou em Parnamirim com pompa militar e com total apoio do Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), bem como das demais Forças Armadas e da Polícia Militar. Segundo jornais da época, o cortejo passou pelas principais ruas da cidade, até a chegada no Palácio Potengi, onde funcionava a sede do Executivo do Estado, em frente à praça 7 de setembro, no Centro de Natal.

A exposição permaneceu por dois dias, enquanto que inúmeras solenidades ocorriam, como a inauguração de um busto (que não sabemos onde está atualmente) e o batismo de um trecho de rua em homenagem a Dom Pedro I. Seguindo viagem, foi para o Ceará.

Urna com os restos mortais do imperador expostos no Palácio Potengi, em 1972

Escolta militar da urna funerária

Rua Dom Pedro, em Natal

*Nota do editor: Nos jornais que noticiaram o fato não fica claro qual a aeronave da FAB fez a viagem, pois alguns citam C-111 e outros C-117, contudo, não existia aeronaves com essas designações à época. Poderia ser um C-115 "Búfalo" ou C-119 que citamos.