Três médicos têm intoxicação e dois vão parar na UTI após jantar em restaurante de luxo em Natal

08 de Maio 2025 - 09h41
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Cinco médicos passaram mal após um jantar em um restaurante de alto padrão em Natal, na noite da última terça-feira (6), após o consumo de peixe dourado. Horas depois, todos apresentaram sintomas intensos de intoxicação alimentar. Dois deles permanecem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado estável e sob monitoramento.

Os sintomas são compatíveis com Ciguatera, uma toxina natural presente em peixes de recife como dourado, garoupa e badejo. A intoxicação não está relacionada a problemas no preparo ou conservação do alimento, mas sim à presença de toxinas que se acumulam naturalmente em determinadas espécies marinhas tropicais.

Após o ocorrido, equipes da Anvisa e da Vigilância Sanitária estiveram no local, coletaram amostras do alimento e seguem acompanhando o caso. O episódio chamou a atenção pela gravidade dos sintomas, que surgiram poucas horas após o consumo do peixe, e acendeu um alerta em toda a rede de saúde pública.

Casos semelhantes vêm sendo registrados

A intoxicação por Ciguatera é pouco conhecida no Brasil, mas sua ocorrência tem crescido. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), casos semelhantes já foram registrados em Fernando de Noronha desde 2022, com novos episódios nos anos seguintes. De acordo com Nota Informativa publicada pela SESAP em abril deste ano, o Rio Grande do Norte está em zona de risco por estar próximo à costa e ter alto consumo de peixes durante todo o ano, especialmente em períodos religiosos como a Semana Santa.

Toxina não tem cheiro, gosto ou cor e resiste ao cozimento

A ciguatoxina é produzida por microalgas marinhas e passa pela cadeia alimentar até atingir grandes peixes predadores. O maior risco está justamente no fato de que a toxina não altera o cheiro, o sabor ou a aparência do peixe e não é destruída pelo congelamento ou pelo cozimento.

Os sintomas podem incluir dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, formigamento, sensação de calor como frio (disestesia térmica), cãibras, visão turva, alterações de ritmo cardíaco e, em alguns casos, complicações mais duradouras no sistema nervoso.

Nota técnica e alerta à população

A Nota Informativa da SESAP recomenda que profissionais de saúde estejam atentos a sintomas após ingestão de pescado e que casos suspeitos sejam notificados imediatamente ao sistema de vigilância. Também orienta que a população evite o consumo de partes como fígado, ovas e cabeça de peixes predadores marinhos, além de redobrar o cuidado com a procedência dos produtos.

Os cinco médicos afetados estão sendo acompanhados por equipes clínicas. Os dois que permanecem internados estão conscientes e em estado estável.

Com informações de Novo Notícias