Lula demite terceira mulher do primeiro escalão do governo para abrigar Centrão

25 de Outubro 2023 - 13h54
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Ao demitir a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retira a terceira mulher de postos de comando do governo para abrir espaços para novos aliados de legendas do Centrão e consolidar apoio de legendas como União Brasil, PP e Republicanos no Congresso.

Em julho, o presidente tirou Daniela Carneiro do Ministério do Turismo para abrigar o deputado Celso Sabino (União-PA) a pedido do União Brasil. Em setembro, demitiu Ana Moser do Ministério dos Esportes apesar de forte resistências de lideranças do esporte e de pressão de outras ministras mulheres. No lugar da medalhista, entrou o deputado federal André Fufuca (PP-MA). 

A saída de Rita Serrano começou a ser discutida no âmbito da reforma ministerial de Lula. O comando do banco foi negociado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) que indicou Carlos Vieira, servidor de carreira do banco e nome de sua confiança para o comando chefiar a instituição. Vieira tem experiência no mercado financeiro e já comandado Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que gere bilhões no fundo de pensão. O critério de gênero, no entanto, foi um fator que não pesou para a escolha da indicação de Lira.

O Centrão vinha pressionando o Planalto para que Lula anunciasse o novo nome ainda em outubro. A decisão atrasou devido a recuperação do presidente após uma cirurgia no quadril, que ocorreu em 29 de setembro.

Ameaçada no cargo desde julho, Rita chegou a se movimentar no governo em busca de apoio e manteve a postura de "fincar o pé" frente a possibilidade de sair. Buscou os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Maria Fernanda Ramos Coelho, ex-presidente da Caixa e secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência.

Serrano também contava com o apoio de sindicatos. O Sindicato dos Bancários do ABC, entidade da qual Serrano é ex-presidente, divulgou nota afirmando que não poderão aceitar sua substituição. A Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf-RJ/ES) também publicou manifesto destacando a trajetória de Rita no banco, do qual é funcionária desde 1989 e repudiando o movimento "oportunista e carguista que busca derrubá-la da presidência da Caixa".

Com informações de O Globo