Israel versus Palestina: a realidade por trás do conflito (3)

06 de Novembro 2023 - 10h32
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Este é o terceiro e último texto sobre a situação atual, no Levante, entre israelenses e palestinos. Os dois primeiros estão aqui (https://www.grandeponto.com.br/blog/post/israel-versus-palestina-a-realidade-por-tras-do-conflito-1); (https://www.grandeponto.com.br/blog/post/israel-versus-palestina-a-realidade-por-tras-do-conflito-2).

Direitos civis como liberdade de pensamento e de expressão, matéria rara no Levante, são respeitados em Israel, conforme o Repórteres Sem Fronteiras. O ranking estabelecido pela organização põe Israel na 97ª colocação, bem à frente da Palestina, que ocupa a 156ª posição, do México (128º) e da Grécia (107º). Ressalte-se que os palestinos estão atrás de países como o Afeganistão (152º), a Líbia (149º) e Quirguistão (122º) (https://rsf.org/pt-br/ranking).

Quando o assunto é direitos das mulheres, Israel também está muito à frente de todos os países da região, segundo registros do Índice de Desigualdade de Gênero, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Neste quesito, ressalte-se, os israelenses vencem França, Itália e Portugal, ocupando a 22ª posição. A Palestina está na 106ª colocação (https://maisliberdade.pt/maisfactos/indice-de-desigualdade-de-genero/).

Os direitos dos LBGT também são respeitados em Israel, de acordo com o Equaldex Equality Index, principal base de medição de direitos LGBT no mundo. Segundo os dados da plataforma, Israel aparece na 48ª posição, enquanto a Palestina ocupa a 190ª colocação. Aqui faço duas ressalvas: 1) em Tel Aviv, capital de Israel, ocorre uma das maiores paradas LBGT do mundo; 2) só sete países são mais intolerantes do que a Palestina no mundo, todos eles no Oriente Médio e no norte da África (https://www.google.com/search?q=Equaldex+Equality+Index&oq=Equaldex+Equality+Index&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOdIBCDE3NzVqMGo0qAIAsAIA&sourceid=chrome&ie=UTF-8).

Em torno de 21% da população de Israel é de origem árabe. Os que permaneceram no país depois da criação do Estado de Israel, em 1948, são cidadãos israelenses com plenos direitos civis, incluindo o direito de voto, e são representados no Parlamento (Knesset) por duas agremiações partidárias, o Lista Árabe Unida e o Hadash-Ta'al, hoje com dez cadeiras (cinco cada uma). Também mantêm os costumes, as tradições e o idioma.

Muito embora não haja tecnicamente segregação formal da população, muitos árabes reclamam de discriminação e as cidades e vilas de maioria árabe estão entre as mais pobres do país, com padrão de vida bem abaixo daquelas com predominância judaica. Registre-se que o governo Netanyahu é acusado de abrigar assessores racistas, como Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit  e associado ao  Kahanismo, agrupamento de ideologia ultranacionalista judaica fundado pelo rabino Meir Kahane.

Falecido em 1990, Meir Kahane liderou o partido Kach, tão ultranacionalista e racista que foi banido, por incitação à violência e por racismo extremado, de Israel. O maior aliado geopolítico de Israel, os Estados Unidos, considerou, em 2004, o grupo como organização terrorista.

O tema gera e acende paixões, mas é preciso deixar claro a incoerência de quem apela para o humanismo ao defender autodeterminação dos povos, mas assimila violência política para naturalizar regimes que subjugam mulheres, gays e outras minorias. Também é preciso reconhecer que a escalada da violência não produzirá melhora alguma no status de israelenses e palestinos e criará ainda mais instabilidade na região.

Aos propagadores de antissemitismo, xenofobia, racismo ou aos que festejam a morte de civis deveria ser reservado opróbrio da opinião pública.