Após suspensão, João Amoêdo cita 'movimento arquitetado' para constranger filiados do Partido Novo a não declarar voto

27 de Outubro 2022 - 12h29
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Ex-presidente do Novo e candidato à Presidência em 2018 pela legenda, João Amoêdo disse ter recebido com "surpresa e indignação" a suspensão dele partido. A sigla suspendeu Amoêdo após ele ter anunciado voto em Lula (PT) no segundo turno da eleição presidencial. O Partido Novo, no entanto, não explicou o motivo da decisão.

A medida ocorre após o partido ter se posicionado no dia 3 de outubro contra o PT e o "lulismo", mas liberado seus filiados a votarem de acordo com sua "consciência" e "princípios partidários". No dia 17 desse mês, Amoêdo havia declarado seu voto no candidato Lula, do Partido dos Trabalhadores.

Veja abaixo a íntegra da declaração de Amoêdo:
"Recebi com surpresa e indignação a suspensão da minha filiação ao NOVO e o pedido para minha expulsão do partido por ter declarado o voto em Lula no segundo turno.

A Comissão de Ética Partidária, por 4 votos a 3, aprovou a suspensão e me concedeu 10 dias para apresentar a defesa no processo de expulsão. Três dos quatro membros que votaram pela minha suspensão foram incorporados à Comissão de Ética nas duas últimas semanas.

Todos os mandatários que assinaram o pedido de suspensão e a expulsão declararam voto em Bolsonaro no segundo turno, e um deles é coordenador estadual de campanha do presidente.

O pedido dos mandatários solicitava que a suspensão fosse efetivada antes do pleito de domingo. O NOVO, ao final do primeiro turno, mencionou em nota que não iria se posicionar nessas eleições e que os filiados eram livres para votarem de acordo com a sua consciência. O partido tem uma Diretriz Partidária, em vigor, que coloca a instituição como oposição ao governo Bolsonaro nas eleições de 2022. Desde março de 2020, quando renunciei à Presidência do NOVO, não exerço qualquer cargo no partido, sendo apenas filiado. Faço questão de frisar, em todas as entrevistas e declarações, que minha opinião não representa o pensamento oficial do partido.

Após a minha declaração de voto, sofri ataques do partido, de alguns mandatários e do presidente da instituição.

Esses são os fatos.

Difícil, portanto, não concluir que as manifestações públicas do partido quanto ao meu posicionamento, a elaboração da denúncia por aliados do presidente Bolsonaro, a nomeação dos novos integrantes para a CEP e o pedido para uma definição imediata antes de domingo não seja um movimento arquitetado para constranger outros filiados do NOVO a não declararem os seus votos e para garantir a minha expulsão, em um processo autoritário que remete à atuação de Bolsonaro.

Apresentarei a minha defesa no Comitê de Ética do partido e tomarei as medidas jurídicas adequadas para garantir o meu direito, e de todos os filiados, de se manifestarem de acordo com a legislação brasileira e as regras internas do NOVO.

Esse é o ambiente que espero para o NOVO e para o País.

Por isso, reafirmo meu voto em Lula no próximo domingo."

Com informações do G1