Zagueiro do Santos pagava R$ 50 mil por mês a apostadores após descumprir acordo

10 de Maio 2023 - 03h22
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O zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, teria se comprometido a pagar R$ 50 mil por mês a apostadores após não cumprir o combinado para levar cartões no Campeonato Brasileiro de 2022. O UOL teve acesso ao processo do Ministério Público de Goiás. A investigação "Penalidade Máxima" aponta que Bauermann aceitou a proposta da quadrilha.

O que aconteceu

  • De acordo com o processo, Bauermann topou R$ 50 mil para levar cartão amarelo contra o Avaí, no dia 5 de novembro de 2022 e não cumpriu. Para se redimir, teria prometido ser expulso diante do Botafogo, cinco dias depois. O zagueiro levou o vermelho, mas após o apito final, o que não é contabilizado nas casas de apostas.
  • O atleta do Peixe, então, passou a receber ameaças de morte dos apostadores, com cobranças para ressarcir a quadrilha, como mostram as conversas do processo. A aposta que incluía cartões para Dadá Belmonte, ex-Goiás, e Igor Cariús, ex-Cuiabá, renderia R$ 800 mil.
  • O defensor, de acordo com as mensagens, alegou não ter R$ 800 mil à disposição e se comprometeu, por meio do empresário Luiz Taveira, a pagar um acordo de R$ 50 mil mensais em 20 parcelas (R$ 1 milhão no total), além de usar seus direitos econômicos como garantia. O último pagamento registrado nas mensagens foi em fevereiro, após forte cobrança dos apostadores.
  • Bauermann, no print de Whatsapp, envia uma proposta que recebeu do León (MEX) de 2,5 milhões de dólares e avisa que receberá uma oferta maior, de 4 milhões de dólares, no fim do ano. Além disso, teria afirmado que acha que conseguiria envolver mais dois jogadores do Santos no esquema. Tudo para tentar acalmar os líderes da quadrilha.

Veja uma parte da conversa:

Eduardo Bauermann: "Me perdoa, mano. Eu fiz o que estava combinado, porém, não sabia da regra [de não valer expulsão no fim do jogo]. Com toda a certeza se eu soubesse que não valia pós-apito, eu tinha feito, sem dúvida nenhuma. Mas eu não sabia e tive que dar um jeito... Mas como disse, quero resolver isso porque sou pai de família, tenho esposa grávida, dois filhos pequenos. Quero resolver isso para tirar esse fardo da sua e das minhas contas. Porque você deve pensar que estou tranquilo, mas não estou, mano. Estou p... de raiva, muito triste com tudo isso e estou querendo resolver a situação. Faço um empréstimo no banco, não faço ideia para quem, mas tento ver alguém para pedir emprestado. Só quero resolver isso".

Apostador: "Irmão, eu tirei esse fardo de você. Sábado mesmo. Te dei toda confiança".

Bauermann: "Como você tirou esse fardo de cima de mim se você falou até em me matar? Não tem como ficar tranquilo'.

O acordo

De acordo com o Ministério Público, o empresário Luiz Taveira ajudou Eduardo Bauermann a se resolver com os apostadores após não levar o amarelo contra o Avaí e só receber o vermelho depois do apito final diante do Botafogo.

Taveira diz na conversa que Bauermann deveria ter "rachado o cara no pau" para forçar expulsão e que ele "vai aprender, tirou a virgindade". Com a cobrança dos apostadores para ressarcimento, o agente sugere "confissão de dívida parcelada, com a garantia dos direitos econômicos". As mensagens mostram que ele marcou encontro com um dos líderes da quadrilha em Santos.

Bauermann, então, não apenas teria devolvido os R$ 50 mil que recebeu de início, como passou a pagar R$ 50 mil por mês para abater a dívida que criou na aposta de R$ 800 mil que não foi concluída. Com juros, o acordo foi de 20 parcelas de R$ 50 mil, o que totalizaria R$ 1 milhão.

Em contato com o UOL, o empresário Luiz Taveira afirmou que Eduardo Bauermann foi ameaçado após não levar o cartão amarelo contra o Avaí e traçou uma estratégia com o jogador para ficar em paz.

O agente ainda diz que Bauermann não levou o vermelho de propósito durante o jogo diante do Botafogo e que a expulsão após o apito final foi "aleatória" e não valia para as apostas. Taveira alega que Bauermann nunca quis participar do esquema, admite um acordo com os apostadores para abatimento da dúvida e reclama que só se fala do Eduardo Bauermann, que não cumpriu o combinado e é o único ameaçado: "Como aconteceu, foi um meio de tentar atenuar o problema".

Com informações do UOL