[VIDEO] Carro de som em Natal faz campanha contra vacinação de crianças

04 de Janeiro 2022 - 11h57
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Um carro de som está sendo usado para fazer campanha contra a vacinação de crianças. O veículo circula pela orla leste de Natal, mas se concentra, principalmente, em Areia Preta. Nas imagens, é possível observar a gritaria dos manifestantes contra o uso do imunizante no jovens.

No Brasil e em todo o mundo, as principais entidades médicas já se manifestaram de maneira favorável à aplicação da vacina contra a covid em crianças. 

Em território brasileiro, a Anvisa, as sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm), Pediatria (SBP) e Infectologia (SBI) tornaram público um parecer afirmando o quanto a vacinça é segura nesse público.

O documento reúne informações sobre o impacto da covid-19 nessa faixa etária, avaliação de potenciais benefícios e riscos da vacinação e condições a serem cumpridas pela fabricante após a aprovação. "A SBIm, a SBP e a SBI manifestam-se favoráveis à autorização, por entenderem que os benefícios da vacinação na população de crianças de 5 a 11 anos, com a vacina Comirnaty, no contexto atual da pandemia, superam os eventuais riscos associados à vacinação", disse o comunicado das entidades.

No parecer, as organizações comentam o impacto da covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. De acordo com os dados oficiais fornecidos pelo Ministério da Saúde publicados em seus boletins epidemiológicos, a carga da doença na população brasileira de crianças é significativa. Já há milhares de hospitalizações e centenas de mortes pela covid-19 nessa faixa etária, além de os pequenos desenvolverem outras complicações, como a covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) em casos mais graves.

Sobre a eficácia e segurança da vacina, as instituições apontam que há estudos de fase 1/2 e 3 em crianças deste grupo etário, mostrando que "após duas doses da vacina Comirnaty em uma apresentação com 10 μg (1/3 da apresentação utilizada em adolescentes e adultos), as crianças de 5 a11 anos apresentaram uma resposta de anticorpos neutralizantes em concentrações similares às observadas em adolescentes e adultos de 16 a 25 anos, preenchendo os critérios propostos de demonstração de não inferioridade".

Os estudos apontaram, ainda, uma eficácia de 90,7% para a prevenção da covid-19 pelo menos 7 dias após a segunda dose e em um período de aproximadamente 2 a 3 meses. Quanto à segurança, não foram observados eventos adversos graves associados à vacinação. Segundo as entidades, a farmacêutica forneceu à Anvisa uma base de dados de segurança em duas coortes de crianças de 5 a 11 anos, cada uma delas com aproximadamente 1.500 crianças vacinadas, sem identificar reações graves.

"Faz-se importante destacar que o tamanho amostral é limitado (cerca de 2.500 voluntários acompanhados) e o tempo de seguimento relativamente curto para determinar segurança em longo prazo. Por outro lado, temos hoje mais de cinco milhões de doses aplicadas desta vacina em crianças de 5 a11 anos nos Estados Unidos da América (EUA) e em outros países, com dados de farmacovigilância não revelando eventos adversos de preocupação", enfatizou as entidades no documento.

Entre as condições a serem cumpridas pela farmacêutica após a autorização da imunização, as instituições reconhecem que o fabricante deverá manter a vigilância de eventos adversos indesejáveis pós-comercialização (fase 4), assim como não medir esforços para orientar de forma clara e sistemática questões relacionadas à conservação, diluição e aplicação do imunizantes, que será utilizado nas mais de 38 mil salas de vacinação do país.

As entidades também orientaram que as vacinas tivessem frascos de cores diferentes e com volume de aplicação distintos, para evitar erros na administração, além de sugerirem que mais testes clínicos continuem sendo realizados pelo fabricante. O objetivo dessas análises seria "identificar a eficácia/efetividade na prevenção de infecção assintomática; possibilidade de coadministração com outras vacinas pediátricas; uso da vacina em esquemas alternativos, com intervalos de doses superiores aos utilizados no estudo; além de dados de resposta imune celular", afirmaram as instituições no parecer.

O documento é assinado por Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP, Renato de Ávila Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP e Rosana Richtmann, diretora do Comitê de Imunizações da SBI.

Com informações do Blog do Gustavo Negreiros e Revista Crescer