Valor do seguro de automóvel tem reajuste de até 100% e assusta motoristas pelo país

18 de Fevereiro 2023 - 06h23
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Os proprietários de automóveis viram o preço do seguro do carros mais que dobrar nos últimos meses. A publicitária Raíssa Fernandes foi uma delas. Ela foi surpreendida ao ver a cotação de R$ 4.630,67 para assegurar o Nissan March 2015 que dirige. No ano anterior, Raíssa havia pago R$ 2.300 no seguro do carro. O aumento de 101% a assustou. Ela revela que ainda não adquiriu o serviço para poder pesquisar mais e encontrar um valor que caiba dentro do orçamento. “Me pegou desprevenida. Não esperava nunca esse aumento. Quando eu vi, fiquei triste porque é uma coisa que preciso, mas que está ficando muito cara. Eu contrato seguro porque tenho medo de roubo, de chegar na vaga de estacionamento e meu carro não estar mais lá. Vou pesquisar mais para ver se encontro algo mais em conta. Se não, vou precisar cortar saídas no final de semana e compras.

Deixar de contratar o seguro não é uma opção porque virou uma necessidade”, revela. O enfermeiro George da Silva Pereira também viu o valor do seguro da sua motocicleta Fazer 250 2019 aumentar. O preço foi de R$ 530 para R$ 780 de um ano para outro, aumento de 47%. “Fiquei abismado. A justificativa da seguradora foi que havia aumentado o valor do veículo na tabela FIPE e que houve aumento nos casos de sinistros de veículos. Também me disseram que os seguros haviam subido de uma maneira geral diante da inflação. Me impactou muito porque eu não estava esperando. Desde 2017 para cá, meu seguro só havia diminuído, visto minha progressão no produto e a mudança no meu perfil de risco. Então, eu estava convicto que iria pagar um valor menor. Não só aumentou, como aumentou numa proporção que tive que repensar meus gastos de fim de ano”, relata George.

A situação vivida por ambos é a realidade de muitos proprietários de automóveis. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), entre janeiro e novembro de 2022, o seguro de automóvel acumulou alta de 33,6% em relação ao mesmo período de 2021, com R$ 45,8 bilhões arrecadados. O desabastecimento na produção de veículos novos e nas peças de reposição, o impacto da pandemia e o aumento da Tabela Fipe foram os principais motivadores para esse crescimento no custo de seguros de automóveis. Além disso, os especialistas identificam que o preço cobrado por seguradoras varia bastante, a depender da região da cidade e do gênero do proprietário do veículo. 

Mas a expectativa para 2023 é positiva. A ComparaOnline, um marketplace de seguros, prevê que o preço do serviço deva voltar para uma média de 5,7% do valor do carro até o final do ano. Isso deve representar redução de cerca de 10% na cotação do preço. Contudo, no meio tempo, quem sofre com esse cenário inesperado é o consumidor, que tem cada vez mais dificuldade em manter as finanças em dia e o desejo crescente de se manter seguro. É o caso da servidora pública Rozilene Dias. Antes ela pagava R$ 1.400 para assegurar seu Ford Ka 2020, contudo, quando foi cotar o seguro este ano, viu o preço subir para R$ 2.289,61, com descontos, um aumento de 63%. “Levei um susto. No ano anterior, meu seguro não subiu mais de R$ 200, e neste o aumento foi de quase R$ 1.000. A seguradora não me deu nenhuma explicação, somente informou que houve aumento. Optei por não renovar. Esse gasto impactaria demais as minhas finanças, na compra de alimentos, cuidados com a casa, convênios e necessidades dos meus filhos. A solução vai ser ficar sem seguro por um tempo. Agora, estou pensando em colocar um rastreador”, declara.

E o número de casos é expressivo. O contador Élcio Freire viu o seguro do Fiat Toro 2021 ir de R$ 1.770 para R$ 2.550 em um ano. “A justificativa da seguradora foi que o valor de carros usados tem aumentado mais que o de novos. Acabei renovando por precaução e porque ainda cabe no orçamento, mas tenho muita preocupação para o próximo ano e de como isso pode comprometer meu orçamento no futuro”, revela. O mesmo medo é compartilhado pela servidora pública Inaura Ferreira. O preço do seguro do HB20 2015 que ela dirige foi de R$ 1.322,60 para R$ 1.643,76. “A justificativa da seguradora era de que todos os seguros aumentaram muito devido ao um maior uso pelos segurados. Mas meu salário não teve o mesmo aumento. Essa situação me fez perceber que cada vez mais perdemos o poder de compra. Cada dia deixamos de fazer coisas que eram normais. Saímos menos, alocamos menos fora, quase não viajamos e temos que priorizar algumas coisas, pois vejo que segurança ainda é prioridade”, compartilha.

Fonte: Jovem Pan