Vacilo pequeno, prejuízo enorme: cinco erros no carro para se arrepender depois

22 de julho 2023 - 09h46
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Seja por falta de grana ou de noção, muitos proprietários de veículos deixam de tomar cuidados básicos com o seu "possante". Alguns ignoram os prazos de revisões periódicas, enquanto outros buscam "economizar" dinheiro com peças e fluidos de baixa qualidade.

Também há pessoas que deixam de ler o manual e, por causa disso, passam a usar o carro do jeito errado repetidamente.

Esses são vacilos que aparentam ser pequenos e desimportantes. Contudo, economias "burras" e desleixos recorrentes podem, e isso é bastante comum, resultarem em gastos elevados com reparos quando o automóvel pifa de vez.

Confira a seguir cinco vacilos com seu carro que provavelmente irão pesar bastante no seu bolso em um futuro próximo.

1 - Câmbio automático sem manutenção

Descuidar da manutenção do câmbio automático pode render um enorme prejuízo. Entenda o motivo:

  • Esse tipo de transmissão costuma exigir troca de óleo a um custo relativamente acessível
  • Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas
  • As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados
  • O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel
  • Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo
  • No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação.
  • "Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos" - Edson Orikassa, engenheiro
  • O especialista destaca que, além da redução no nível, o óleo do câmbio pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência.
  • "Vale verificar o lubrificante durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação".

Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode "patinar", ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.

2 - Trocar óleo só de acordo com quilometragem

  • Trocar o óleo do motor e o respectivo filtro dentro da quilometragem estipulada no manual do proprietário é uma orientação básica para você evitar gastos não previstos e eventualmente elevados
  • No entanto, muitos ignoram que, além da distância percorrida, o fluido tem prazo de validade
  • Ou seja: a hora da troca é determinada pelo item que vencer primeiro
  • Conselheiro da SAE Brasil, o engenheiro Erwin Franieck explica que, após determinado período, os componentes do óleo se degradam e sua capacidade lubrificante fica comprometida
  • A falta de lubrificação eleva o atrito de componentes internos do motor - e, consequentemente, o consumo
  • Outro detalhe: em condições severas de uso, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas, com muita carga e sob tráfego congestionado, a quilometragem e o prazo para troca são antecipados.
  • O especialista recomenda, ainda, seguir fielmente a especificação de óleo recomendada no manual do veículo
  • Vale destacar que o óleo do motor não é o único item com prazo de validade em um carro
  • Os pneus, por exemplo, também perdem a eficiência após determinado período, mesmo sem rodar. A data de vencimento do pneu é informada na respectiva lateral

3 - Usar combustível de procedência duvidosa

  • Para poupar dinheiro, é comum abastecer preferencialmente em postos que oferecem os melhores preços
  • Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado
  • Erwin Franieck orienta a priorizar postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra
  • A dica é importante, pois gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados

"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular" - Erwin Franieck, conselheiro da SAE Brasil

As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.

4 - Ignorar amaciamento do motor

  • Há quem compre carro zero-quilômetro pensando que amaciar o motor é coisa do passado
  • Porém, muitas marcas, para não dizer a maioria delas, ainda trazem no manual orientações para não abusar do acelerador durante os primeiros quilômetros de uso
  • Assim, o motor não é tão exigido até que componentes internos se ajustem e ele atinja o nível ideal de operação - com aumento na performance e redução no consumo de combustível

O manual do Renault Sandero traz essa recomendação:

"Até atingir os primeiros 1.000 km, não ultrapasse 130 km/h na troca de marcha mais elevada ou 3.000 a 3.500 rpm. No entanto, só após cerca de 3.000 km, seu veículo irá proporcionar todo seu desempenho".

De acordo com Erwin Franieck, apesar dos avanços tecnológicos, os projetos atuais de motores a combustão interna ainda levam em conta o período de "amaciamento" e nada indica que isso vá mudar em um futuro próximo.

"A superfície de componentes metálicos internos de um motor novo apresenta rugosidade, ou seja, variações no relevo que não são as ideais. Isso vale para todo o trem de força, incluindo engrenagens, eixos e mancais, que precisam de quilometragem para atingirem esse assentamento natural", explica o especialista.

5 - Rodar sempre com o motor frio

  • Muitos batem no peito ao dizer que seu carro roda pouco e está "como se fosse zero-quilômetro"
  • Porém, quilometragem baixa não é sempre uma virtude: depende muito da forma como você roda com o veículo
  • Já vou explicar: o motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação
  • Usar o automóvel continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível

"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal", pontua Erwin Franieck.

Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.

"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".

Com informações do UOL