Silvio Almeida 'pressionou minhas partes íntimas', diz professora

07 de Setembro 2024 - 07h45
Créditos: Reprodução Instagram

 

A professora universitária Isabel Rodrigues, candidata a vereadora em Santo André pelo PSB, afirma que foi vítima de assédio sexual por parte do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, em um restaurante no centro de São Paulo, em 2019. É a primeira pessoa a denunciar publicamente o ministro.

O assédio sexual teria ocorrido em 3 de agosto de 2019, em um almoço com cerca de 15 pessoas, no centro de São Paulo, após um curso. "Foi muito estranho porque estávamos com muitas pessoas e eu estava de saia, lembro da mão dele nas minhas partes íntimas, pressionando, fiquei com muita vergonha", disse ao UOL a professora, de 45 anos.

Isabel afirma que conhecia Almeida desde 2015 e que eles mantinham uma relação de amizade. "Fiz parte da Escola de Governo de São Paulo entre 2003 e 2018. Eu era professora. Em 2016, Silvio começou a fazer parte do conselho pedagógico".

Antes do episódio, o ministro teria convidado a professora a ir ao escritório dele, também no centro de São Paulo — ela afirma que recusou. 

Três meses depois do ocorrido, Isabel diz que trocou mensagens e ligações com o ministro para "compreender se ele sabia a gravidade do que tinha ocorrido". "Foi depois de alguns meses que eu me dei conta da necessidade de falar. Fui procurá-lo porque isso tem reverberado de uma forma muito ruim na minha vida", afirmou ao UOL.

No diálogo, Almeida teria tentado negar assédio, segundo Isabel. "Ele disse que eu estava ficando maluca, que isso nunca tinha acontecido", diz a professora. "Eu questionei se ele tinha me perguntado antes se poderia tocar meu corpo. Depois, ele disse que estava muito mal, porque tinha feito isso com uma amiga pela qual tinha muito apreço", afirma.

Em um segundo momento, Isabel afirma que Silvio Almeida recuou e disse que iria para uma sessão de terapia. "Ele viu que não tinha como negar".

A professora não fez um boletim de ocorrência para não ser revitimizada em uma delegacia, diz ela. "Fiquei imaginando como seria ser tratada numa delegacia e sofrer mais violência", disse ao UOL.

Também diz que ficou com medo de denunciar porque Almeida era advogado. "Minha vontade era de denunciar, mas eu fui desencorajada por ele ser advogado - e, depois, ministro. Tentei tratar isso sem fazer a denúncia", diz.

Isabel diz que fez terapia para lidar com o abuso sexual e que relatou o caso a amigos na época. Após as denúncias contra o ministro virem a público, Isabel recebeu apoio da família e dos amigos que conheciam o caso.

Nesta sexta, Isabel também publicou o relato em suas redes sociais. "O que me fez fazer a declaração pública agora foi ter ouvido dele que as mulheres que estão denunciando hoje são mentirosas e que fazem parte de um grupo [com objetivo de prejudicá-lo]."

A respeito das denúncias de assédio sexual divulgadas ontem, Almeida tem negado com veemência e se dito inocente e vítima de perseguição.

"A sensação agora [com as denúncias vindo à tona] é de justiça. Tenho necessidade de dar as mãos a essas mulheres para que elas não tenham o corpo invadido", diz Isabel Rodrigues, professora que relata ter sido assediada por Silvio Almeida.

Veja depoimento da professora:

Com informações de UOL