
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) retornou nesta quinta-feira (18) às atividades parlamentares, após licença de 121 dias. O parlamentar foi flagrado pela Polícia Federal, em outubro, tentando esconder R$ 33 mil na cueca.
Nesta quinta, em uma publicação em rede social, o senador afirmou ter encaminhado uma carta aos colegas explicando ocorrido. No documento, Rodrigues nega irregularidades e diz que agiu dominado "pelo pânico e pelo medo".
"Confesso que, num dado momento, em meio ao transtorno, fiquei mesmo em dúvida se se tratava de uma operação policial ou de ação de uma quadrilha especializada. Estava dominado pelo pânico e pelo medo. Por aquele momento de desespero, quero pedir desculpas a todos se não consegui manter o comportamento de equilíbrio mais adequado. Poderia ter tido uma reação psicológica melhor? Certamente", afirma.
O prazo de afastamento encerrou nesta quinta e o nome de Chico Rodrigues. Apesar de a licença ter ultrapassado 120 dias, o suplente de Rodrigues – Pedro Arthur Ferreira Rodrigues, filho do parlamentar – não assumiu o mandato.
O caso de Chico Rodrigues nunca foi analisado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado.
A operação da Polícia Federal foi autorizada pela Justiça como parte de investigação acerca de supostos desvios de recursos públicos em Roraima. Rodrigues, na época,era vice-líder do governo no Senado. Ele afirmou que o dinheiro na cueca seria usado para o pagamento de funcionários. Na carta aos senadores, Chico reitera a versão.
Ainda na carta, o parlamentar diz que reassume o mandato após “um período de enorme padecimento pessoal, familiar e político”. Ele conta também que passou a usar remédios psiquiátricos, e recorreu à religião e ao apoio de familiares.
Sobre a operação, Rodrigues disse que “subitamente”viu-se com sua casa “invadida”. “Nenhuma pessoa idônea que não possua mentalidade, vocação ou prática criminosa está preparada para situação como a que vivi”, afirma.
“Posso ser criticado por diversos motivos, mas o que é fundamental, do ponto de vista do interesse público e da sociedade, é que não cometi nenhum ato ilícito, nenhuma ação desabonadora, nenhuma prática ilegal”.
O senador diz também que a “humilhação” que passou já é uma punição “severa” antes do julgamento e que está certo de de que será inocentado.
Chico diz que não se beneficiou de parcelas de emendas que destinou a Roraima para combater a Covid-19. “Nenhum único centavo das referidas emendas foi empenhado ou gasto até o presente momento pelo governo estadual. Ou seja, como falar em ‘desvio de recursos de emendas’ que não foram pagas ou gastas?”.
Ao final do texto, Chico Rodrigues diz que carregará para sempre “chagas dessa excruciante provação”. Mas que o sofrimento não deve ser transformado em “mágoas ou revolta”.
“Entendo que se Deus e o destino me aproximaram da profundidade e da intensidade dessa dor, através de toda essa indescritível vergonha, é para que eu pudesse me aproximar também mais dos sofrimentos alheios, para que aumentasse minha empatia para com os que sofrem dores muito maiores, para entender os que são açoitados por injustiças ainda mais implacáveis”, afirma.
Fonte: G1