Secretário nacional de cultura imita ministro nazista em discurso; vídeo

17 de Janeiro 2020 - 07h05
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O secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim, proferiu um discurso na quinta-feira 16 parafraseando uma fala do ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, um dos idealizadores do nazismo alemão. O vídeo, postado no perfil do Twitter da secretaria, causou indignação nas redes sociais.

A trilha sonora da peça é do compositor favorito de Hitler, o alemão Richard Wagner – a ópera usada no discurso é citada no livro Mein Kampf (Minha Luta) pelo nazista.

No discurso, Alvim parafraseia um discurso proferido pelo nazista e registrado no livro Joseph Goebbels: Uma biografia, do historiador alemão Peter Longerich, ao dizer: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”.

Durante o nazismo, Goebbels disse a diretores teatrais: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. A fala foi proferida em 1933 por meio de uma carta em que o nazista sugeria “novas direções” ao teatro.

Após repercussão negativa, Alvim alegou que o episódio foi uma “coincidência retórica”.

Repercussão

O nome de Goebbels e de Alvim entraram na lista de assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira, 17. A maior parte das postagens é de críticas sobre a fala do secretário.

O objetivo do vídeo de Alvim era divulgar um concurso nacional de artes intitulado “Prêmio Nacional das Artes” que, segundo o secretário, terá um investimento de vinte milhões de reais.

O guru ideológico Olavo de Carvalho foi às redes sociais em repúdio ao vídeo de Alvim. “É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos”, afirmou. O secretário de Cultura é um dos integrantes olavistas do governo.

Defesa

Na manhã desta sexta-feira, o secretário se posicionou, afirmando que o vídeo “foi uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte”. “Não há nada de errado com a frase, todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbles”, concluiu Alvim, que é dramaturgo, diretor de teatro e ganhou a simpatia de Bolsonaro ao criticar a atriz Fernanda Montenegro.

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