Recém-casados e crianças estavam entre as vítimas de avião que caiu no Irã

10 de Janeiro 2020 - 07h05
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Havia a família de um importante escritor iraniano que emigrou para o Canadá alguns anos atrás. Havia um casal recém-casado. E havia estudantes internacionais e crianças viajando com suas famílias.

As vítimas da queda de um Boeing 737-800 na manhã de quarta-feira (8) no Irã incluíam passageiros e tripulantes de ao menos sete países, entre eles 63 canadenses. Não está claro o que causou a queda da aeronave.

O voo 752 da Ukraine International Airlines caiu em meio às tensões entre os Estados Unidos e o Irã. Um ataque dos EUA com drones na semana passada matou o general Qassim Suleimani, um dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã. Na quarta-feira, o Irã atacou duas bases no Iraque que abrigam tropas americanas.

O avião, que ia para Kiev, na Ucrânia, caiu pouco depois de decolar de Teerã. As 176 pessoas a bordo morreram.

Vadym Prystaiko, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, disse que as vítimas incluem 82 iranianos e 11 ucranianos —entre estes, nove tripulantes. Sessenta e três passageiros eram do Canadá, dez da Suécia, quatro do Afeganistão, três da Alemanha e três do Reino Unido, disse ele.

Para o Canadá, a queda foi uma das piores perdas de vidas em um desastre de aviação. Em 1985, uma bomba explodiu e matou 329 pessoas a bordo de um voo da Air India, a maioria delas canadenses de ascendência indiana.

O Canadá tem uma das maiores parcelas da diáspora iraniana no mundo: 210 mil pessoas que se identificam como iranianas vivem no país, e muitas delas fugiram de sua terra natal após a Revolução Islâmica de 1979. Outras chegaram mais recentemente, muitas vezes atraídas por oportunidades de educação ou trabalho.

Os imigrantes iranianos no Canadá vivem em grande parte nos subúrbios das três maiores cidades do país —Toronto, Montreal e Vancouver.

Mahsha Alimardani, estudante de doutorado na Universidade de Oxford, escreveu no Twitter que a rota de Teerã para Toronto, passando por Kiev, capital ucraniana, havia se tornado acessível para muitos iraniano-canadenses que não podiam pagar por voos diretos.

Payman Parseyan, imigrante iraniano em Edmonton, disse à Canadian Broadcasting Corp. que o desastre foi "devastador" para a comunidade iraniana da cidade, que é muito unida. As pessoas estavam coladas aos aparelhos de televisão e se comunicavam em busca de notícias sobre os entes queridos, disse ele.

Folha de S. Paulo