Procuradora: 'Hotel Reis Magos não é ruína e representa arquitetura modernista'

30 de Agosto 2019 - 04h02
Créditos:

A polêmica do antigo Hotel Reis Magos continua. Nesta quinta-feira (28) a procuradora do Patrimônio e Defesa Ambiental do Rio Grande do Norte, Marjorie Madruga, concedeu entrevista ao portal de esquerda Brasil de Fato. Para o veículo, reafirmou sua posição a favor do tombamento do que resta do edifício, negou que ele esteja em ruínas e afirmou que o mesmo representa a "arquitetura modernista brasileira".

Marjorie disse que toma como base estudos apresentados por especialistas em arquitetura e história da UFRN, que atestariam a relevância do hotel e justificariam sua preservação. "O tombamento parcial determina que seja preservada a parte estrutural do hotel, pela sua volumetria e pela sua fachada, porque isso é o que é representante da arquitetura modernista brasileira", afirma a procuradora.

Segundo ela, o tombamento parcial teria como objetivo conciliar a preservação do patrimônio cultural e a viabilidade econômica para o proprietário. A procuradora explicou ainda que o hotel ocupa apenas 20% do terreno, possibilitando que a área construída seja ampliada em mais 60%. "Então todo o discurso de que não é possível fazer nada com o hotel, ele não procede", disse.

Outra questão que a procuradora esclarece é que tem sido utilizado como fundamento para justificar a demolição o fato do hotel estar em ruínas. No entanto, Marjorie discorda desse argumento: “Ruína é um fragmento, é o que restou de alguma coisa. Esse é o conceito técnico de ruína. O hotel, você olhando visualmente, ele está deteriorado, mas está inteiro. As pessoas estão utilizando uma concepção meramente popular para caracterizar algo que, tecnicamente, não é uma ruína”. 

"O Conselho Estadual de Cultura do RN se posicionou favorável à demolição, no entanto, como esclarece a procuradora, trata-se de uma instância de caráter meramente opinativo, sem poder deliberativo. Atualmente, o processo administrativo estadual aguarda parecer do poder estadual quanto ao tombamento. O secretário de Educação e Cultura do RN têm realizado reuniões com representantes da Universidade e movimentos sociais. O secretário irá remeter a discussão para o Conselho de Gerenciamento de Patrimônio. Após a decisão, ainda caberá recurso e o parecer final ficará a cargo da Governadora Fátima Bezerra", informa o Brasil de Fato.