Presidente do BC diz não saber quando queda dos juros vai acontecer

25 de Abril 2023 - 12h40
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou há pouco que não consegue antecipar quando a taxa básica de juros (Selic) vai começar a cair ao reforçar que representa apenas um voto de nove no Comitê de Política Monetária (Copom), mas afirmou que "está no caminho certo".

"Eu não tenho capacidade de dizer [quando vai cair], sou um voto de nove, quando isso vai acontecer, mas é um processo técnico que tem o seu tempo. As coisas têm caminhado no caminho certo", frisou em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Campos afirmou que há uma tendência de queda estrutural na taxa de juros do país, o que atribuiu às reformas econômicas implementadas nos últimos anos.

Segundo ele, esse é um processo "contínuo" e citou a reforma tributária e uma possível reforma administrativa. "Precisamos de juros baixos para o empresário tomar o risco, mas precisamos fazer de forma sustentável", disse.

O presidente do BC também afirmou que houve recuperação econômica "na margem", especialmente no mercado de trabalho, mas disse que "gostaria que fosse muito mais".

Segundo ele, não há sinais de recessão no país, mesmo com juros a 13,75% ao ano. "A gente gostaria que fosse muito melhor, mas vemos uma recuperação na margem. Estamos tentando trazer a inflação para a meta, porque é um elemento muito corrosivo", justificou.

Campos ressaltou que, sem credibilidade, o BC poderia cortar os juros no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, a curva longa pode subir. "Precisamos melhorar o mercado de capitais e ter credibilidade para sair do círculo vicioso de crédito subsidiado", afirmou.

"Não tenho o objetivo de proteger banco, mas quando sobe juros o componente de crédito perde mais do que o ganho da carteira de títulos. Não existe mais essa lógica [do banco ganhar com a Selic alta], no passado era assim", complementou.

Segundo o presidente da autarquia, quando há muito crédito subsidiado "a taxa de juros neutra se mexe". "Se eu tenho menos subsídio a taxa [neutra] cai", disse.

Segundo ele, a apresentação do arcabouço fiscal gerou ganho na parte curta da curva de juros. "Mas precisamos estabilizar a parte longa", destacou.

Campos defendeu o crescimento do mercado de capitais. "A grande empresa vai ao mercado de capitais e sobra espaço no balanço dos bancos para conceder crédito aos menores", pontuou.

Com informações de G1