Por que estupro de mulheres vira arma de guerra em conflito como da Ucrânia

11 de Março 2022 - 10h24
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Na sexta-feira (4), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou soldados russos de "estuprar mulheres em cidades ucranianas ocupadas" e pediu a criação de um tribunal criminal especial para julgar os delitos.

A antropóloga Fátima Cecchetto, pesquisadora em Gênero e Masculinidades na Fundação Oswaldo Cruz, explica que violações sexuais são usadas como "táticas de guerra". "O corpo da mulher também passa a ser um território a ser dominado, anexado e violado", diz.

Ela afirma que a violência nos conflitos, legitimada, é direcionada a mulheres e crianças. "Neste contexto de guerra, as violências contra as populações vulnerareis se intensificam. Se a guerra se prolongar, a tendência é que essas práticas e atos se identifiquem porque eles precisam atingir vulnerabilidades, o corpo da mulher e a honra começam a ser uma moeda de troca."

Doutora em direito internacional e professora de direito internacional público e direitos humanos, Priscila Caneparo afirma que há denúncias da Cruz Vermelha Internacional de que já estariam ocorrendo violências sexuais em relação a mulheres. Ela ainda vê a possibilidade de um aumento de casos com a construção de corredores humanitários, zonas desmilitarizadas para permitir a passagem de refugiados, mais próximas ao território russo.

"Por mais que sejam áreas sem ação militar, a população vulnerável fica mais próxima do território inimigo, que pode levar à violência sexual", diz a professora.

Com informações da UOL.