Policial seria 3ª vítima dos airbags mortais no Brasil; morte é investigada

21 de Setembro 2022 - 07h01
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A morte de um policial civil no último dia 12, em acidente de trânsito na cidade de Belo Horizonte (MG), é investigada como a possível terceira fatalidade causada pelos "airbags mortais" da Takata no Brasil. 

Alexandrino Guilherme Ferreira Junior, de 40 anos, dirigia um Honda Civic 2008 descaracterizado quando bateu em outro veículo na capital mineira. Segundo testemunhas, ele foi retirado do automóvel com ferimentos no peito e, no momento da batida, ouviu-se um barulho semelhante a disparo de arma de fogo - a perícia descartou essa hipótese.

De acordo com o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, o ruído relatado seria proveniente do acionamento do airbag do motorista - alvo do maior recall da história automotiva no mundo. Bolsas infláveis da fornecedora Takata podem apresentar um defeito em uma peça denominada insuflador, que projeta fragmentos metálicos na direção dos ocupantes do carro.

Wemerson Oliveira, presidente do sindicato, diz que há fortes indícios de que essa falha tenha vitimado o investigador. O sindicalista também afirma que o Civic acidentado é de um depósito judicial e era utilizado para diligências por falta de viaturas.

"Tudo indica que foi o airbag. Temos essa certeza já. Não temos como confirmar que o carro estava no recall na Honda, porque não estão divulgando o chassi do veículo. A forma como explodiu o airbag reforça essa impressão e não teve disparo de arma de fogo. A perícia confirmou a ocorrência de estilhaços ainda no local da batida".

Fontes ligadas ao IML (Instituto de Medicina Legal) de Belo Horizonte, que falaram a UOL Carros sob condição de anonimato, disseram que foram encontrados estilhaços do airbag nos pulmões de Alexandrino. Wemerson Oliveira revela que as viaturas usadas pelos policiais não passam por manutenção. 

"O Estado não fornece viatura para trabalhar e os policiais precisam de veículo para as investigações. Quando há disponibilidade de veículo em condições de rodar, a gente solicita", conta.

O sindicato acrescenta que acompanha a investigação da Polícia Civil e está dando apoio jurídico à família do investigador.  

A Polícia Civil informa que "foi instaurado processo investigativo para apurar as causas e circunstâncias da morte do investigador de polícia Alexandrino Guilherme Ferreira, ocorrida em Belo Horizonte, decorrente de acidente de trânsito".

Por sua vez, a Honda destaca que ainda "não há confirmação das informações sobre o veículo, de tal modo que não é possível afirmar se ele está incluído na campanha de recall do airbag Takata". 

Segundo a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), a campanha de recall da Honda por causa dos "airbags mortais" compreende 314.945 veículos dos modelos Honda Civic, Fit e CR-V. A Senacon explica que, de acordo com o último relatório periódico de atendimento apresentado pelo fornecedor, foram realizados 204.450 atendimentos até o momento destes carros.

Com informações de UOL