
A Câmara Municipal de Natal aprovou na semana passada a criação da Comenda Vereadora Marielle Franco, com a finalidade de homenagear mulheres que se destacaram na luta pela defesa e garantia dos Direitos Humanos na capital potiguar. A condecoração será entregue anualmente com o objetivo de valorizar iniciativas sociais. Mas, na mesma votação, enquanto os parlamentares natalenses decidiram pelo reconhecimento a vereadora carioca assassinada, preferiram esquecer a policial militar de São Paulo, Juliane dos Santos Duarte morta brutalmente por traficantes.
Jovem, negra, lésbica e moradora da periferia (no caso, de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo), o caso da PM foi comparado várias vezes ao de Marielle, mas nunca com o mesmo destaque. A soldado foi rapidada por traficantes e ficou cinco dias desaparecida, período em que teria sido tortuda antes de ser encontrada morta. As investigações apontam que a motivação para o crime foi o simples fato dela ser PM.
Em tempo, a Câmara Municipal de Natal também rejeitou incluir o nome do motorista de Marielle, Anderson Gomes, que foi assassinado junto com a parlamentar no exercício do seu trabalho. A proposição para incluir ambos na homenagem partiu do vereador Cícero Martins (PSL), e contou apenas com o voto dele e o de Ney Lopes Júnior (PSD). Todos os demais resolveram aprovar a comenda destinada unicamente a Marielle.
"Acho que o motorista Anderson, morto no exercício do seu trabalho, não podia ser esquecido. Ele também é vítima, também foi fuzilado, também tem família. Por que só a vereadora deve ser lembrada? A PM Juliane dos Santos, que era negra, lésbica e de origem humilde, morreu depois de 24 horas de tortura. Juliane não merece uma homenagem? Enfim, me esforcei para melhorar o projeto", justificou Cícero.
O projeto voltado para homenagear Marielle foi proposto pelo vereador Raniere Barbosa (Avante) e subscrito pela vereadora Divaneide Basílio (PT).