
O soldado Luca Romano Angerami, que estava desaparecido desde o dia 14 de abril e foi encontrado morto nesta segunda-feira (20), foi torturado, segundo a polícia. Ele sumiu no Guarujá, na Baixada Santista, após sair de uma adega na comunidade Santo Antônio.
"Com certeza houve tortura", disse o delegado Rubens Barazal, da Seccional de Santos. Ele informou ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes) que a virilha do PM, de 21 anos, foi cortada. "Ele foi cortado, foi queimado e teve alguns membros fraturados. Foi uma morte, infelizmente, bem dolorosa", relatou Fabiano Barbeiro, da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) em Santos, no litoral de SP.
Policiais precisaram caminhar por duas horas para encontrar o corpo, que estava no alto do morro da Vila Baiana. O cadáver estava enterrado em uma cova rasa e com o rosto "bastante desfigurado", disse o delegado Antonio Sucupira, também à Bandeirantes: "Sinais de tortura, de que algum objeto cortante [foi usado para provocar] esganadura, enforcamento [do agente]. Esse policial deve ter sofrido muito antes de ter sido morto."
Corpo do PM estava enrolado em várias camadas de plástico e cobertores. Os criminosos, segundo Barazal, usaram o material para ajudar na colocação do corpo na cova. Os agentes também encontraram o cativeiro para onde PM foi levado e torturado logo após ter sido sequestrado.
Informante detalhou a trajetória dos criminosos e informou às autoridades o local onde o corpo estava. O cadáver já estava em estado de putrefação, mas foi identificado em razão das tatuagens que Luca tinha no corpo. Apesar disso, um exame de DNA, por meio da arcada dentária, será realizado no IML (Instituto Médico Legal) para identificação oficial.
Crime foi cometido porque Luca era policial, diz delegado. Barbeiro definiu o caso como "uma retaliação do crime organizado contra as forças de segurança". O agente havia sido visto pela última vez entrando em uma biqueira (ponto de venda de drogas) na região da comunidade Santo Antônio.
PCC decidiu sobre a morte do PM, segundo Barbeiro. "Nada acontece sem autorização do chefe maior aqui da Baixada Santista. [...] Existem alguns pontos de droga coordenados por traficantes e eles respondem aos chamados sintonias regionais do PCC. Esses, por sua vez, aos sintonias gerais do estado de São Paulo."
"Esses sintonias estiveram reunidos no que a gente chama de conferência, uma videochamada, um tribunal do crime para decidir sobre a vida ou morte daquele policial. Não bastasse ele ter sido arrebatado, agredido e torturado, ao final, o PCC deliberou por tirar a vida desse policial pelo simples fato de ele ser policial", Delegado Fabiano Barbeiro.
11 suspeitos já foram identificados pela polícia. Nove deles já estão presos (dois com prisões temporárias decretadas pela Justiça) e a polícia já individualizou as condutas de cada um deles no crime. Os envolvidos na morte poderão responder por tortura, homicídio qualificado, ocultação de cadáver e por outros crimes.
Polícia também identificou a participação do PCC (Primeiro Comando da Capital) no crime. Os membros da facção criminosa participaram do "tribunal do crime" que terminou na morte de Luca. Outros corpos também já haviam sido encontrados na região de mata fechada onde estava o corpo do soldado. A área já era utilizada pelos criminosos como "cemitério clandestino".
Com informações do UOL