Planalto omite informações sobre saúde de Lula para evitar imagem de fragilidade

09 de Outubro 2023 - 14h23
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As informações relacionadas à saúde do presidente Lula (PT) vêm sendo tratadas com cuidado especial por seus aliados e equipe, de forma a evitar que se estabeleça uma imagem negativa e de fragilidade do mandatário, de 77 anos.

Ao longo dos primeiros nove meses de governo, houve casos de omissão de informações ou a busca de amenizar as notícias, diante de algum diagnóstico ou procedimento médico.

Mais recentemente, a informação de que os médicos iriam aproveitar a anestesia da operação no quadril para um procedimento simples nas pálpebras só foi confirmada após Lula já ter deixado a mesa de cirurgia.

A Presidência da República informou que sempre agiu com transparência e que todas as informações relevantes sobre a saúde do mandatário são divulgadas. E acrescenta que notas informativas sobre as condições de saúde "são sempre checadas com os médicos envolvidos nos procedimentos".

O próprio Lula externou a sua preocupação em não transmitir uma ideia de fragilidade há duas semanas.

Durante uma de suas transmissões ao vivo, o Conversa com o Presidente, o petista afirmou que vinha sentindo dores na região do quadril desde o período eleitoral. No entanto, optou por não realizar a cirurgia logo no início do mandato para não parecer "velho".

"A verdade é que estou com essa dor desde agosto do ano passado. Durante o processo da campanha, naquela cena que vocês me viam pulando no carro de som, vocês não sabem a dor que eu sentia. Mas eu pulava porque era preciso animar as pessoas", afirmou o presidente.

"Depois, eu queria operar logo depois das eleições. Bem, eu disse, se eu operar agora, vocês vão dizer 'o Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado'."

Lula ainda acrescentou que sua equipe não iria registrar imagens dele de muleta e andador após a cirurgia. Em uma manifestação capacitista, relacionou beleza com o uso dos equipamentos.

Lula realizou em 29 de setembro uma cirurgia para tratar um problema na região do quadril. Trata-se de uma artroplastia total de quadril, procedimento no qual uma prótese foi instalada no corpo do presidente.

A equipe médica então decidiu aproveitar os efeitos da anestesia para realizar um procedimento nas pálpebras do presidente. Foi feita uma pequena intervenção, na qual é retirada um pouco de pele, que fica caindo sobre os olhos.

Médicos partiram de São Paulo para Brasília para realizar o procedimento cirúrgico, que já vinha sendo discutido há meses. Sua equipe chegou a realizar uma rodada de informações sobre o procedimento e, ao ser questionado se haveria "algo a mais", negou.

O Palácio do Planalto alega que a decisão do procedimento só foi tomada às vésperas da cirurgia e que mesmo assim não era certo que ele aconteceria, pois dependia do encaminhamento da intervenção maior, no quadril.

"Não estava certo que o procedimento seria feito, por se tratar de uma cirurgia para uma questão menor, de um desconforto nas pálpebras. A cirurgia de pálpebra só seria feita se tudo corresse bem, como ocorreu, com a cirurgia principal, a ortopédica, e depois de uma esterilização e troca de equipe no centro cirúrgico. E isso foi informado pelos médicos logo depois da cirurgia, em coletiva de imprensa transmitida ao vivo", informou a Presidência.

"Detalhamos todos os procedimentos e situação de saúde. Um procedimento menor e pontual, que talvez não fosse feito, que poderia ser adiado e que não tem correlação com condição de saúde, foi informado imediatamente após ter sido feito. Ou seja, foi detalhado com transparência", completou.

O pós-operatório imediato do presidente superou as expectativas divulgadas inicialmente. Primeiro, Lula acabou seguindo para um leito hospitalar comum, não precisando passar a noite na UTI, como era esperado.

A alta hospitalar do presidente também aconteceu com dois dias de antecedência, no domingo (1º). Lula deixou o hospital longe das câmeras, pela saída de trás do edifício.

Integrantes do governo fizeram questão de ressaltar a recuperação do presidente. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), por exemplo, disse que Lula "é um touro", em entrevista à BandNews na última semana.

Com informações de Folha de São Paulo