PF diz que dados da investigação confirmam que Bolsonaro editou 'minuta do golpe'

15 de Fevereiro 2024 - 07h43
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A PF (Polícia Federal) afirmou que dados reunidos na investigação comprovam que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia da existência da "minuta do golpe" e que chegou a pedir ajustes no texto. A informação está em um relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), na investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. O R7 procurou a defesa de Bolsonaro para comentar o relatório e aguarda o retorno.

A PF usou registros de entrada e saída do Palácio do Alvorada e dados dos celulares dos investigados para confirmar as declarações de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Na delação, Cid mencionou que o ex-presidente participou da redação de um decreto que supostamente garantiria sua permanência no poder.

"O aprofundamento das análises realizadas pela Polícia Federal a partir do recebimento dos históricos de ERBS (Estação Rádio Base) e dos dados telemáticos de geolocalização… vinculados aos investigados Amauri Feres Saad, José Eduardo de Oliveira e Filipe Garcia Martins Pereira demonstrou forte convergência entre os episódios citados e a utilização da estrutura partidária fornecida pelo Partido Liberal para a atuação do Núcleo Jurídico da organização criminosa responsável pelo assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado", diz um trecho do relatório da PF.

O texto, aprovado por Bolsonaro em uma reunião em 19 de novembro de 2022, 20 dias após a eleição presidencial em que Lula venceu, sugeria a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes e a convocação de novas eleições. 

O relatório da PF refuta a declaração dos advogados do ex-presidente, que afirmaram que a minuta contendo um texto sobre um golpe de Estado foi entregue a Bolsonaro após a prisão de Mauro Cid. Isso implicaria que o ex-presidente não teria posse do documento durante seu mandato no Brasil.

Nesta quarta-feira (14), os advogados do ex-presidente fizeram um pedido ao STF para que o passaporte do ex-chefe do Executivo seja devolvido. A alegação da defesa é que não existe risco de fuga e que a medida é ilegal. 

Com informações do R7