Perda de água no Rio Grande do Norte é de 51%

22 de Março 2022 - 08h48
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O Rio Grande do Norte perde metade da água potável coletada e tratada, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), sendo o segundo pior registro do Nordeste, atrás apenas do Maranhão. As perdas são de 51,43% no Estado, e em Natal, 57,92%.

Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do RN, que abastece de informações o sistema nacional, as perdas medidas pelo SNIS incluem tanto os vazamentos e submedições quanto a água que é desviada indevidamente, o famoso “gato”. De acordo com o presidente da Caern, Roberto Linhares, a maior parte da água perdida no Estado é relativa a quem faz uso sem pagar por ela.

“Isso não é desperdício. Esses 51,4% do SNIS se dá, em 70%, por perda aparente, que é a perda comercial: o cidadão usa a água, mas não paga por ela. Na área da Redinha e em Mãe Luiza, por exemplo, temos uma perda de mais de 70%. A água que a gente coloca, você recebe lá na ponta 20% no máximo. Desperdício mesmo é em torno de 15% no RN. Agora a perda total é que dá esses 50%, que se soma com a perda aparente”, explica o presidente da Caern, Roberto Linhares.

Ao passo em que a perda de água na capital é alta, há bairros da cidade onde a água comumente costuma faltar, o que prejudica a vida e cotidiano da população que mora nesses espaços. É o caso de Rose Mary Lima, 45, que mora em Felipe Camarão há 17 anos. Dona de um restaurante, ela conta que chegou a fechar seu estabelecimento em virtude da falta de água no bairro.

“É constante a falta de água aqui em Felipe Camarão. Já teve dia de faltar mais de uma semana, não abri o restaurante uma vez porque estávamos sem água. Tive que comprar até água mineral, não tinha um pingo de água”, reclama.

Quem também lamenta sobre a falta de água no seu bairro é o potiguar Ailton Soares de Souza, 40. Segundo ele, em alguns casos moradores de Felipe Camarão conseguem água na garagem de uma empresa de ônibus localizada no bairro.

“Falta água direto, frequentemente e por muitos dias. Não é só um ou dois dias. Pessoas que não têm grandes reservatórios, têm muita dificuldade, dependendo do volume de pessoas, uma caixa de 1000 litros se consome rápido. Aqui já chegou a faltar 16 dias. O pessoal fica sem água e dependendo da localidade não tem o que fazer e usa água mineral para cozinhar, fazer as coisas. Usa água mineral às vezes até pra o próprio banho”, cita.

Segundo os dados do SNIS, o RN tem um alto índice de perdas por ligação, ou seja em cada unidade habitacional, tanto casas quanto condomíminios. Esse quesito avalia o volume de água perdida em termos unitários, ou seja, por ligação. No RN, a perda é de 419,17 litros/lig/dia, média acima do Nordeste (439,11 l/lig/dia) e do Brasil (343,37 l/lig/dia).

Com informações da Tribuna do Norte