O sagrado espaço de sala de aula

15 de Agosto 2021 - 06h41
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Típico de mentes estupidamente ladinas, como a de Fernando Morais e outros, à esquerda e à direita, misturar tudo – partido, sociedade, governo e Estado – num mesmo pote, para querer obrigar as pessoas a agir no interesse do partido como se estivessem atuando em prol do Estado e da sociedade.

Há pouco, uma mente só estúpida, sem qualquer resquício de ladinice, insinuou-se querendo me patrulhar.

Sofro este tipo de assédio há muito tempo, desde quando ainda era simpatizante de teses esquerdistas.

O argumento (se se pode chamar de argumento aquele ramerrame de chamar os outros de reacionários e outras adjetivações e/ou substantivações adjetivadas) do estúpido era que eu, professor do IFRN, não poderia ou deveria defender repressão à criminalidade abertamente e tampouco posso ou devo me insurgir contra o uso da Escola e mais precisamente da sala de aula como púlpito político-partidário, afinal estou no IFRN porque o governo Lula abriu editais de concurso público. Para o gênio, foi graças a isso que ingressei no então CEFET e por isso Lula e é meu credor.

Ora, sou um defensor da ordem (dizem que isso é discurso de direita e se for, estou, sem problema algum, à direita no espectro político), ingressei no serviço público, todas as vezes em que estive, inclusive na atual, por meio de concurso público, em edital aberto para qualquer cidadão brasileiro que tivesse a formação requerida, logo nada devo a governo ou a político algum.

Não estou filiado a nenhum partido político. Nunca fui. Já simpatizei com alguns e, ainda assim, nunca utilizei o sagrado espaço da sala de aula para fazer militância político-partidária. 

Não sigo e nunca segui político algum, seja de esquerda, direita ou centro.

Discuto e debato, sem qualquer ranço, os assuntos sobre os quais leio e estudo. Mas não tolero patrulhamento ideológico. E ainda menos que tomem um partido político, qualquer que seja ele, como portador da boa nova. Quem tiver em busca do seu Messias político, vá ao deserto.

Por último, considero a sala de aula espaço sagrado, para a qual professor algum deve levar suas crenças para fazer proselitismo de qualquer espécie.

 

***

 

Semana passada, o presidente Jair Bolsonaro foi derrotado em sua intenção de aprovar PEC que permitisse auditagem, via voto impresso, das urnas eletrônicas.

Um amigo, antibolsonarista de quatro costados, puxou conversa comigo dizendo estranhar como um presidente que cai pelas tabelas, acossado pelo STF, pelo Congresso Nacional, pela mídia, pela classe artística, etc, ainda consegue manter-se politicamente vivo, sem risco real, a curto prazo, de sofrer impeachment.

Aprovar um processo de impeachment contra um presidente da república exige condições políticas que, hoje, a oposição não tem, por duas razões: não conta com maioria folgada para tal na câmara de deputados e as ruas ainda não deram um recado suficientemente forte contra Bolsonaro, que, a despeito de toda a oposição que reúne contra si, ainda tem algo entre 25% e 30% do eleitorado a seu favor.

Dificilmente, um presidente com tal apoio político cai.

Lembrem-se que Michel Temer venceu na câmara federal, barrando aprovação do relatório que propunha licença para que o STF o julgasse por delito cometido na função de presidente. Lula, acossado por todos os lados em 2005, quando das denúncias do mensalão, seguiu altaneiro (em grande medida por imprudência da oposição tucana à época) rumo ao segundo mandato presidencial.

Então, o que vimos até aqui sobre o sono profundo do impeachment do atual ocupante do Palácio do Planalto, não deveria surpreender ninguém.

Nem adianta espernear.

Dilma foi impedida, em 2016, por incompetência política.

É só papirar jornais e revistas da época para constatar.