O que se sabe sobre duração da imunidade contra covid após vacina

22 de Junho 2021 - 13h34
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À medida que a campanha de vacinação contra covid-19 avança, a pergunta se torna cada vez mais premente: quanto tempo vai durar nossa imunidade?

Obviamente, ainda não temos uma resposta baseada em evidências, uma vez que não se passou tempo suficiente desde o surgimento da doença. Mas já temos algumas descobertas animadoras.

A memória imunológica

Quando o sistema imunológico entra em contato com um antígeno pela primeira vez, leva alguns dias para que os componentes da resposta específica sejam ativados completamente.

Além disso, essa resposta primária não atinge todo o potencial que o sistema imunológico poderia ser capaz, e é por isso que às vezes sucumbimos a infecções.

Porém, como resultado deste encontro, são geradas células de memória, que têm vida longa e que armazenam a informação de como destruir o antígeno.

Se voltarmos a encontrar com ele, a resposta secundária será muito mais rápida, potente e eficaz graças à ativação dessas células de memória.

É por isso que tomamos a vacina, para gerar células de memória capazes de controlar esse patógeno caso venha a ocorrer a infecção por contágio.

Os coronavírus geram memória?

Sabemos que sim porque existem quatro coronavírus que causam cerca de 20% dos resfriados comuns, assim como duas outras doenças graves: a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave, que apareceu em 2003) e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que surgiu em 2012).

A memória contra os coronavírus causadores de resfriados não é muito potente, e é por isso que adoecemos com tanta frequência, além do fato de que existem outros vírus não relacionados que também provocam a condição.

E, em relação à SARS, sabemos que os anticorpos em pessoas que tiveram a doença diminuíram rapidamente e mal foram detectados dois anos depois, enquanto as células de memória produtoras de anticorpos (linfócitos B) desapareceram antes de seis anos, a partir de quando haveria falta de proteção.

No entanto, estudos recentes encontraram anticorpos neutralizantes 17 anos após a infecção.

Por isso, os temores de que a imunidade contra o SARS-CoV-2, vírus causador da covid-19, também fosse de curta duração eram justificados.

Células plasmáticas de longa vida

Se fizermos um exame, é provável que ainda tenhamos anticorpos contra doenças típicas da infância, como sarampo ou caxumba, embora tenham se passado muitos anos desde que contraímos a doença e não tivemos contato com o antígeno novamente.

Como isso é possível, considerando que a ativação das células de memória requer um novo encontro com o patógeno? Como os anticorpos podem durar tanto?

É porque, além das células de memória, temos outro aliado importante para nos proteger.

Quando o linfócito B é ativado após reconhecer o antígeno, ele se converte em uma célula, chamada célula plasmática, que é quem realmente produz os anticorpos.

A maioria destas células morre quando a infecção termina, e são chamadas de células plasmáticas de vida curta.

Mas, em certas ocasiões, são geradas outras células muito peculiares, encontradas em nichos especiais na medula óssea, chamadas de células plasmáticas de vida longa.

Às vezes, de vida eterna.

Durante todo esse tempo, estariam produzindo anticorpos que neutralizariam uma nova infecção, como ocorre com a rubéola, mononucleose infecciosa, caxumba ou sarampo.

É por isso que não voltamos a sofrer com essas doenças.

Para a matéria completa da BBC Brasil, acesse este link: