Nova Previdência: Governadores frustrados com retirada de Estados e municípios

15 de Junho 2019 - 11h52
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O relatório da reforma da Previdência foi apresentado na última quinta-feira (14). E, entre os governadores brasileiros, que saíram de um encontro nacional em Brasília, na última terça-feira (11), confiantes de que, junto com os municípios, seriam mantidos no texto, o sentimento é de frustração. “Governadores das 27 unidades da federação assumiram o compromisso de sentar à mesa para o entendimento de um texto capaz de conquistar mais de 308 votos [mínimo necessário na Câmara para aprovação do texto] e com compromisso de equilíbrio na previdência. Alguém pensa que é fácil? Especialmente para quem é do campo da oposição foi um gesto de grandeza pelo Brasil”, avaliou o governador do Piauí, Wellington Dias.

Segundo Dias, os governadores ainda comemoravam a sinalização do relator da retirada de pontos polêmicos da proposta como o BPC, a aposentadoria rural, a capitalização e a desconstitucionalização quando, no dia seguinte, foram “pegos de surpresa” pela imprensa com a notícia de que os estados e municípios ficariam fora da reforma. “Em bom português: rompido o acordo", disse.

O pleito dos governadores esbarra na resistência de líderes de vários partidos que temem desgastes com suas bases eleitorais com uma reforma mais dura para servidores estaduais e municipais. Na avaliação do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), a retirada de estados e municípios da reforma foi uma estratégia do relator e da base do governo para evitar embates e ter uma votação expressiva na Comissão Especial. Dória acredita que o cenário pode ser revertido e atribui a decisão do relator à “má articulação de governadores do Nordeste com as respectivas bancadas na Câmara dos Deputados”.

Outro governador, Renato Casagrande, do Espírito Santo também criticou a exclusão. “Por que tratar de forma diferenciada servidores da União, estados e municípios? Isso vai levar para os estados e municípios esse debate, alguns vão conseguir fazer, outros não. A gente vai fazer um serviço pela metade. Vamos deixar para amanhã o que pode ser feito hoje”, destacou.

Plano B

Defensor de uma terceira via como plano B, a de uma reforma nos estados, por decreto, nos moldes da que está em discussão no Congresso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi mais ponderado. “Estamos na tentativa da gente poder realmente ter a inclusão, mas também reconheço e não quero cobrar de maneira nenhuma dos deputados federais, acho que é uma decisão que cabe a mim respeitar” avaliou. “É um momento delicado, de muito diálogo, estive em Brasília todo esse tempo, reuniões até altas horas, mas vamos até o último minuto como eu sou insistente ao mesmo tempo determinado nas coisas, acreditar que ainda superaremos essa dificuldade” completou.

Agência Brasil