Nós e eles, eles e nós

03 de Agosto 2019 - 12h55
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O jogo começou, parece não ter hora para terminar e segue, em marcha batida, o roteiro traçado pelos petistas e satélites e bolsonaristas e satélites rumo a uma infindável polarização.

Quem inventou o “nós contra eles” foi o PT; o pessoal de Bolsonaro agarrou o discurso petista e mudou o sinal.

Os tucanos, envergonhados, aceitaram o binarismo tolo e/ou abjeto, sem, contudo, embarcar no “vale tudo”.

O PSDB não defendia o legado de Fernando Henrique Cardoso, não defendia a privatização de estatais ineficientes ou cabides de empregos ou ainda cofre de aliados políticos de ocasião, tampouco defendia o Plano Real, o único, desde o PAEG, a pôr o país no rumo da racionalidade econômica.

De 2014 em diante, a polarização aumentou em volume e em intensidade, com grande parte  do tucanato enveredando pela senda extremista, que resultou no impeachment de Dilma. E dali em diante, as eleições de 2016 e principalmente de 2018 demonstraram, que os grupos políticos que se contrapunham ao PT se beneficiaram muito mais dela do que o partido da estrela vermelha, a espoleta que tudo deflagrou.

O pleito de 2018 demonstrou cabalmente que qualquer liderança política que pusesse em cena um discurso racional e moderado seria tragada pela maré montante do radicalismo político, de esquerda ou de direita.

Restaram, no segundo turno, os polos mais intransigentes e um enorme deserto no centro moderado.

A polarização, aposta do PT em 2010 e 2014, engoliu o seu principal líder, moeu as suas principais lideranças e entregou, na bandeja, a chefia do poder executivo ao “eles”, que, há quatro anos, não se envergonham de dizer o que são.

Agora gritam os mais ferrenhos adversários do partido de Lula: “São eles contra nós”.