
A capital potiguar está em alerta para a possibilidade iminente de adoecimento por dengue. De acordo com um atlas lançado no final de janeiro pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 25 dos 36 bairros de Natal possuem risco alto ou muito alto de contaminação por dengue, zika e chikungunya. O levantamento indica que apenas onze bairros (oito na zona Sul, além de Petrópolis, na zona Leste, Bairro Nordeste, na zona Oeste, e Salinas, na zona Norte) apresentam situação de menor vulnerabilidade para as doenças, com risco baixo ou médio. A SMS prevê uma epidemia da doença até abril.
Segundo as informações contidas no atlas, o alerta máximo segue para os distritos Norte I e II, Leste e Oeste. Todos os bairros do distrito Sul (Ponta Negra, Neópolis, Capim Macio, Pitimbu, Planalto, Candelária, Lagoa Nova e Nova Descoberta) registraram baixo ou médio risco. Já os bairros com maior vulnerabilidade são Santos Reis, que tem toda a área com risco muito alto para contaminações, além de Rocas, Pajuçara, Lagoa Azul e Felipe Camarão, os quais registram boa parte de seus territórios com alerta vermelho (risco muito alto).
Para a confecção do atlas, cada bairro foi subdividido em uma espécie de blocos, chamados ‘zonas’ – que correspondem a áreas constituídas por 800 a mil imóveis – as quais recebem as classificações de acordo com a metodologia do levantamento. Dentro de cada bairro, portanto, existem variações, a depender da região. O que chama atenção, no entanto, é que em alguns desses bairros, como Igapó, Cidade da Esperança, Nossa Senhora de Nazaré, Dix-Sept Rosado, Bom Pastor, Mãe Luiza e outros, todas as áreas são classificadas como risco médio, alto e muito alto.
Em alguns outros bairros, a classificação de baixo risco está restrita a pequenas ‘zonas’, o que aponta para a vulnerabilidade da região, segundo Úrsula Torres, gerente técnica da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) da SMS. Este é o caso de Pajuçara, Potengi, Lagoa Azul, Redinha e Nossa Senhora da Apresentação. “Esses bairros têm em comum características sociais, econômicas e estruturais, as quais, em geral, são mais semelhantes entre si e por isso estão mais vulneráveis”, explica Torres.
O documento leva em consideração os dados coletados em quatro anos (2019, 2020, 2021 e 2022) para apontar a vulnerabilidade das áreas. A metodologia para se chegar à classificação levou em conta aspectos como entomologia (análise da presença do vetor nas regiões), epidemiologia (análise espaço-temporal do número de casos prováveis e confirmados em cada território) e persistência (levantamento da quantidade persistente de casos e adoecimento em um determinado tempo, no mesmo território).
De olho em uma provável epidemia de dengue em Natal, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ativou, no final de janeiro, um gabinete de combate às arboviroses e trabalha na atualização de um plano de contingência para tentar atenuar os efeitos de uma possível crise. A preocupação se dá porque, de acordo Úrsula Torres, gerente técnica da Unidade de Vigilância de Zoonoses, a capital vive um avanço da doença desde o início deste ano. “Possivelmente, entraremos em uma epidemia em meados de março e abril”, prevê a gerente.
De acordo com a SMS, os dados preliminares da sétima semana epidemiológica apontam que em 2024 a capital contabiliza 493 casos prováveis de arboviroses, ante 276 no mesmo período do ano passado (aumento de 78,62%). Os dados foram repassados à reportagem na última sexta-feira (16), mas só serão consolidados a partir desta segunda-feira (19) uma vez que a semana epidemiológica foi encerrada no sábado (17). As notificações de dengue (442) equivalem à maior parte (89,65%) do total de casos prováveis em 2024, com 71 confirmações para a doença. Em seguida vêm chikungunya (56 casos prováveis e sete confirmados). Zika teve cinco casos prováveis em 2024 e nenhuma confirmação. Não houve óbitos decorrentes de nenhuma das arboviroses.
Com informações de Tribuna do Norte