Não se engane: maioria dos suplementos alimentares é dinheiro jogado fora

07 de Março 2024 - 10h47
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Muitas pessoas tomam suplementos alimentares que prometem melhorar a pele e o cabelo, fortalecer o sistema imunológico ou melhorar o desempenho, entre inúmeros outros supostos benefícios. Magnésio, ferro, vitamina D, colágeno e muitos outros fazem parte de um mercado de bilhões.

A especialista em nutrição Angela Clausen, do centro de aconselhamento ao consumidor do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, lida há anos com esse tema. "O problema é que muitas pessoas veem os suplementos alimentares como uma espécie de medicamento natural e os usam de acordo com essa visão: para tratar ou mesmo curar doenças", diz.

"Porém, suplementos alimentares apenas fornecem componentes essenciais que não estão em quantidade suficiente na dieta das pessoas."

Muitos suplementos alimentares são apenas dinheiro jogado fora. Entretanto, algumas substâncias, como vitamina D, iodo ou selênio, podem até mesmo ser prejudiciais se consumidas em excesso.

E justamente por não serem medicamentos, suplementos alimentares estão sujeitos a muito menos controle por autoridades de saúde. Em geral eles podem ser comercializados sem que tenham sido feitos testes de segurança, qualidade ou eficácia.

E por serem menos controlados, os suplementos alimentares nem sempre contêm os ingredientes indicados na embalagem ou podem não conter as quantidades indicadas nelas. Em alguns casos até contêm substâncias perigosas ou proibidas.

No vale-tudo das redes sociais, há ainda menos controle. Falsas promessas sobre as propriedades saudáveis dos suplementos alimentares são encontradas em toda parte. A DW verificou as promessas associadas a três suplementos alimentares nas redes sociais.

Quatro suplementos para ficar "mais inteligente"

Em vídeo do TikTok, que foi visualizado cerca de 1,7 milhão de vezes, uma pessoa afirma: "Você não é burro, apenas não tem circulação suficiente no cérebro, o que o impede de se focar, de se concentrar, e o resultado é uma memória muito fraca."

Os quatro principais suplementos recomendados por ela para lidar com isso são ginkgo biloba, bacopa monnieri, L-teanina e L-treonato de magnésio.

Melhorar o desempenho cognitivo e a concentração com esses suplementos alimentares seria mesmo bom demais para ser verdade. A nutricionista Friederike Schmidt, da Universidade de Lübeck, analisou o vídeo.

"A TikToker fala sobre mecanismos metabólicos muito específicos, e ela passa mesmo a impressão inicial de ser muito competente", observa Schmidt. No entanto, a especialista ressalta que, em relação a muitos aspectos das substâncias mencionadas, "na verdade não se tem ideia do que elas fazem e se de fato ajudam".

Clausen observa que a citação de estudos de pouca ou nenhuma relevância é uma tática comum na propaganda de suplementos alimentares. "Os estudos apresentados geralmente são um desastre no que diz respeito ao produto abordado", diz.

De modo geral, as alegações da TikToker não são cientificamente sólidas. Não há provas de que suas "quatro principais recomendações de suplementos" melhorem o desempenho cognitivo da maneira que ela descreve.

Colágeno "melhora pele, cabelo, unhas e articulações"
Publicações nas redes sociais também atribuem muitos efeitos positivos ao colágeno. Um vídeo viral afirma que ele dá uma pele mais firme, unhas mais fortes e cabelos mais brilhantes e fortes, enquanto outro clipe do TikTok afirma que ele também ajuda nas articulações.

O colágeno é uma proteína produzida naturalmente pelo corpo e é importante para os ossos, articulações, músculos e tendões. Os suplementos alimentares que contêm colágeno são, portanto, de origem animal, geralmente feitos de resíduos de matadouros.

Não está claro quão bem o corpo é capaz de processar o colágeno recebido de fontes externas. Até mesmo o suposto efeito mais conhecido do colágeno —o rejuvenescimento da pele— ainda necessita de mais pesquisas, de acordo com um metaestudo realizado em 2023.

"Nenhuma dessas promessas publicitárias foi aprovada para uso na UE, certamente não a que se refere à saúde das articulações", diz Clausen. Não há nenhuma evidência conclusiva de que o colágeno tenha esse efeito, acrescenta.

Conclusão: consumidores estão sendo enganados
Com os suplementos alimentares, não é fácil separar a verdade da propaganda enganosa. De modo geral, as alegações feitas nas redes sociais são muitas vezes exageradas, sem base científica ou até mesmo proibidas.

"Em muitos casos, vemos que as pessoas estão apenas gastando dinheiro em coisas de que não precisam", diz Schmidt. "A ideia de que você pode fazer algo pela sua saúde usando apenas com alguns comprimidos ou pós é muito tentadora", diz.

Com informações de UOL