Mulheres derrubam ideia de sexo frágil e ganham espaço na perícia criminal

08 de Março 2019 - 11h55
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Levantamento de vestígios, elucidação e reprodução de eventos criminosos estão na rotina da atividade do Perito Criminal. Esta se apresenta, por vezes, de natureza brutal, mórbida e perigosa.  Por isso, muitos acreditam que estas atribuições são desenvolvidas estritamente por homens, ainda por perceberem as mulheres como frágeis e/ou sensíveis para desenvolverem tais atividades.

Contudo, essa ideia não representa a realidade! No Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP/RN), as Peritas Criminais exercem suas funções nas perícias externas e internas, que incluem exames laboratoriais, perícias psicológicas, exames de microcomparação balística, documentoscopia, entre outros. O desempenho das mulheres na atividade pericial reforça o fato de que não há espaço para distinção de gênero.

“O principal desafio é saber separar o impacto que algumas cenas podem causar. Então sempre temos que avaliar uma cena de crime de forma imparcial, utilizando meios científicos como é preconizado. A atuação da mulher na perícia muitas vezes pode ser vista com resistência, uma vez que a mulher ainda é vista por muitos como frágil e mais emotiva, porém a busca por detalhes, o compromisso e a dedicação ao estudo aliados a sensibilidade feminina fazem com que tenhamos um olhar diferenciado na análise de uma cena de crime”, destacou a perita criminal Roberta Pena, que atua na Unidade Regional de Mossoró.

Nathalia Nunes, que atua como perita criminal em Natal destaca que o trabalho requer conhecimento de diversas áreas para encarar situações novas diariamente nos locais de crime.

“Nosso ambiente de trabalho de fato ainda é muito dominado pelos homens, embora tenha aumentado o número de peritas mulheres nos últimos tempos. As pessoas normalmente questionam se a natureza do trabalho é muito pesada pra mim que sou mulher e se acho difícil ver certas cenas. Eu costumo responder que o trabalho de perito é técnico e isso independe do gênero. Acredito que a área da segurança pública, que inclui a perícia, ainda precisa ser conquistada pelas mulheres. A crença de que as mulheres são frágeis pra desempenhar certas funções já não são válidas e o Rio Grande do Norte com suas mulheres na perícia tem mostrado isso”, afirmou Natalhia.

Agentes de necropsia provam que trabalho independe de gênero

O trabalho de necropsia, mais do que o senso comum acredita, vai muito além de apenas examinar e recolher cadáveres. A atividade tem grande importância social, é considerada o coração da perícia. Contudo o trabalho do agente de necropsia não se detém apenas no auxílio deste exame, se inicia no local de crime de morte violenta com análise externa dos ferimentos do cadáver, documentação, recolhimento e posterior exames internos para identificar a causa mortis, de modo que o trabalho do agente só finaliza ao entregar o corpo para família.

“Sinto-me honrada em colaborar com a justiça, Estado e famílias que são impactadas com entes vítimas de morte violenta. A função em Natal antes era exclusivamente masculina, hoje mulheres compõe o quadro dando renovo e fôlego para quem já está na casa há mais de 30 anos. A resistência masculina se dissipou diante adaptação e naturalidade a qual as mulheres encaram o dia a dia da missão”, explicou a agente de necropsia do ITEP-RN, Maria Helena Mota.

Ainda segundo Maria Helena, o trabalho existe força física, mas acima de tudo, inteligência emocional, coragem, leveza, seriedade e determinação. “Não é fácil trabalhar a dor do outro, o que nos motiva são os desfechos desencadeados pelo trabalho de toda equipe, pois o trabalho do Itep-RN jamais será singular, é um trabalho plural, cada setor com sua colaboração”, concluiu.