Mulher que trabalhava na organização da Copa denuncia agressão no Qatar: 'Foi violência física'

02 de Maio 2022 - 03h41
Créditos:


Paola Schietekat, que é mexicana, foi condenada a 100 chibatadas e a sete anos de prisão no Qatar —país que sediará a Copa do Mundo— após denunciar a agressão de um homem. Em entrevista para o 'Fantástico', da Globo, ela comentou sobre a situação que viveu no país do Oriente Médio. 

"Estava no meu apartamento e fui agredida por alguém que eu conhecia. Eu o conhecia da comunidade latina, não há muitos latinos no Qatar. Foi violência física, me deixou com marcas no corpo", disse.

Schietekat chegou à Doha, capital do Qatar, no início de 2020 para trabalhar como economista do Comitê Supremo, entidade encarregada de organizar a Copa do Mundo. 

Ela conta que quando procurou as autoridades para registrar sua queixa de agressão, mas o caso teve uma reviravolta. Paola foi acusada de "sexo extraconjugal" —manter uma relação sem ser casada. Segundo a Lei Sharia, do sistema jurídico do Islã, as vítimas de violência sexual podem ser processadas por adultério, prevendo a pena de 100 chibatadas e sete anos de cárcere.

Paola disse que o homem contou para as autoridades que eles tinham uma relação, o que não é verdade, para se livrar das acusações. Com isso, a jovem foi condenada com a pena prevista pelas leis islâmicas. Apesar disso, lhe foi dada uma alternativa para se livrar da pena: se casar com seu agressor.

Paola conseguiu deixar o Qatar no ano passado, antes de receber qualquer punição, mas desde então diz que a Justiça não foi feita em seu caso e que seu agressor permanece livre —ele não chegou nem a ser acusado. 

No mês passado, ela recebeu uma boa notícia, o caso voltou para a promotoria e isso significa que ele pode ser arquivado.

A Fifa respondeu ao 'Fantástico', em nota, dizendo que Paola deve receber cuidados e assistência, e que continuará acompanhando o caso até que ele esteja completamente encerrado. 

"O futebol ajuda no empoderamento feminino, reduz a delinquência juvenil e a violência. A Fifa teme que as pessoas politizem o futebol, mas futebol é política e é uma ferramenta superimportante", completou.

Com informações de UOL