Me engana que eu gosto

26 de Dezembro 2023 - 04h56
Créditos:

Lula fez pronunciamento natalino, de cinco minutos, e voltou a defender ações de combate a discursos de ódio e pediu união nacional, conclamando que “o Brasil abrace o Brasil” (https://www.youtube.com/watch?v=sE7KkUg3y_o).

Para o Presidente, “o ódio de alguns contra a democracia deixou cicatrizes profundas e dividiu o país. Desuniu famílias. Colocou em risco a democracia. (...) Felizmente, a tentativa de golpe causou efeito contrário (...) e uniu todas as instituições, mobilizou partidos políticos acima das ideologias, provocou pronta reação da sociedade (...) e ao final daquele triste 8 de janeiro, a democracia saiu vitoriosa e fortalecida (...), mas falta restaurar a paz e a união entre amigos e familiares” (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/12/24/lula-pronunciamento-fim-de-ano.htm).

Não adianta o Presidente Lula fazer pronunciamento para ser veiculado no rádio, na televisão e na internet condenando o ódio destilado pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro e por seus seguidores e outros momentos fazer falas semelhantes às que agora condena. Desta forma, o Brasil não sairá do atoleiro no qual se encontra.

Em dado momento, o Presidente mencionou entre as medidas de seu governo a aprovação, no Congresso, da reforma tributária e da taxação dos fundos exclusivos, medidas que, segundo o governo, irão dinamizar a economia e melhorar a arrecadação.

Qualquer Presidente em qualquer situação terá uma oposição séria e responsável pela frente. Uma oposição que uma ou outra vez poderá votar com ele caso perceba numa ou noutra proposta a ser votada interesse acima das questiúnculas partidárias e ideológicas. Serão pouquíssimas as vezes, porém. Quase sempre a oposição atravancará o caminho do governo e Lula sabe disso, porque agiram assim, ele e o PT, quando eram oposição. Portanto, ao maldizer a oposição por ter votado contra a reforma tributária, quando fizeram o mesmo quando eram oposição, não apenas soa como é falso.

Até acho que a reforma tributária traz certo avanço para o Brasil, dado o emaranhado no qual a nação vive, mas isso parece pouco para quem hoje faz oposição, como um dia alguns avanços reformistas bem mais importantes do que a PEC recentemente aprovada também não foram considerados meritórios pelos oposicionistas de então.

É muito gostoso e edificante ouvir esse papinho de que deve haver oposição ao governo, mas não ao Brasil quando somos governo e jogá-lo na sarjeta quando estamos como oposição. 

Desde que a Nova República nasceu, a conversa veio junto. Uma vez mais agora.

Se fosse no governo Fernando Henrique ou no governo Temer, Lula conclamaria os petistas a votarem a favor da reforma tributária?

Se sim, por que não o fez na defesa de reformas tão importantes? Por que deixou o PT votar contra o Plano Real, contra o Fundeb, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra o Bolsa Escola (origem do Bolsa Família), contra o Fundef, contra o Marco do Saneamento...?

Por um motivo simples: lulistas e petistas, a exemplo de bolsonaristas não estão verdadeiramente ao lado do povo, mas ao lado de si mesmos.