Mamografia pode apontar risco de infarto? Entenda como exame detecta sinais

18 de Setembro 2022 - 04h28
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Especialmente se você é mulher e tem mais de 40 anos, já deve ter realizado pelo menos uma mamografia na vida. O exame, que faz parte da rotina feminina de monitoramento da saúde, é uma espécie de raio-X, uma das ferramentas utilizadas para o diagnóstico precoce do câncer de mama: com ele é possível detectar nódulos nos seios antes mesmo de serem palpáveis ou de surgirem os primeiros sintomas.

No entanto, além de fundamental para a descoberta desse tipo de câncer, a mamografia também pode ser uma aliada nos cuidados com o coração. Os resultados de um estudo publicado recentemente na revista científica Circulation: Cardiovascular Imaging, da Associação Americana do Coração, evidenciam que o exame é capaz de revelar os riscos de um ataque cardíaco ou um AVC (acidente vascular cerebral) —o popular derrame.

Isso porque quando os radiologistas analisam uma mamografia eles procuram por tecidos mamários calcificados, um dos possíveis indícios precoces do câncer de mama. Só que no processo também são observadas as calcificações que ocorrem nas artérias mamárias. E, muito embora isso seja considerado, na maior parte dos casos, benigno do ponto de vista oncológico, pode servir de alerta para problemas e doenças cardiovasculares.

Primeiro: o que são calcificações?

As calcificações são pequenos depósitos de partículas de cálcio, sólidos e em diferentes tamanhos e formas. Na mamografia aparecerem como manchas ou linhas brancas e brilhantes. Podemos dizer que são um "marcador" de algum processo que está ocorrendo no tecido mamário.

À medida que as pessoas envelhecem, há mais oportunidades para alterações que levam a calcificações. Somente quando são irregulares e de alta densidade é que existe a possibilidade de haver nódulo ou tumor associado.

Entre as possíveis causas de sua formação, podemos citar: câncer de mama, cistos mamários, secreções celulares ou detritos, fibroadenoma (tipo de tumor benigno de mama), necrose gordurosa, cirurgias e calcificação da pele (dérmica) ou nos vasos sanguíneos (vascular) —ponto que merece destaque e nossa atenção aqui.

A calcificação na artéria mamária é caracterizada pelo acúmulo de cálcio na camada média da parede arterial da mama, condição relacionada ao envelhecimento, diabetes tipo 2, pressão alta e inflamação, além de ser também um indicador de rigidez desses vasos.

Para evitar confusão, é importante ter em mente que não é o mesmo processo que ocorre na calcificação da camada interna das artérias (aquela em contato com o sangue), que é tipicamente encontrada em pessoas que fumam ou naquelas com altos níveis de colesterol.

E como as calcificações nas mamas estão vinculadas aos riscos cardiovasculares?

O fato é que esse cálcio detectado nos vasos sanguíneos das mamas pode refletir o processo de acúmulo ocorrendo também em outros vasos do corpo, condição que chamamos de aterosclerose —mais detalhadamente, o termo é usado para indicar o acúmulo de placas de gordura, de cálcio ou outras substâncias no interior das artérias.

Quando isso atinge as artérias que irrigam o músculo cardíaco, as artérias coronárias, é possível que o quadro evolua para a DAC (doença arterial coronariana), que se caracteriza no enrijecimento e estreitamento das coronárias, com obstrução parcial ou total do fluxo de sangue ao coração. Sua evolução provoca quadros de insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, AVC e até a morte. Ou seja, situações sérias que precisam ser investigadas, descobertas e tratadas o quanto antes.

Com informações do UOL