Mais um brasileiro é achado morto na fronteira com Paraguai; vítima foi decapitada

29 de Setembro 2021 - 03h29
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Foi identificado, na manhã de hoje, mais um brasileiro morto em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O corpo do paulista Carlos Limar de Souza Lima, de 38 anos, foi encontrado ontem à tarde, próximo ao quartel do Exército paraguaio. Um bilhete assinado por um suposto grupo denominado "O crime" foi deixado ao lado da vítima, junto à promessa de resposta à ação de justiceiros na área. Já são quatro os casos de brasileiros assassinados na região da fronteira entre os dois países desde sábado (25).

Segundo os registros policiais, o corpo de Carlos foi deixado por um carro em um terreno localizado a 5 km da fronteira com o Brasil. A vítima tinha sinais de tortura, um corte no abdômen, havia sido decapitada e a cabeça estava em um saco plástico.

No local, ainda foi achado um bilhete escrito à mão que dizia: "Nós do crime estamos deixando claro que não iremos mais admitir covardias cometidas por esses justiceiros, seja quem for. Assinado: O crime".

Sem documentos, a vítima foi identificada com a ajuda de tatuagens espalhadas pelo corpo, entre elas, a de um palhaço, o que fez a investigação acreditar que ela seria integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A suspeita é que o brasileiro tenha sido capturado no último sábado, junto a outro rapaz, que não teve a identidade revelada e ainda não foi localizado.

A polícia paraguaia trabalha com duas hipóteses: a primeira é que o bilhete tenha sido deixado para despistar as investigações e a segunda é que Carlos tenha sido uma vítima do novo grupo criminoso da fronteira, identificado como "Crime".

Essa facção teria sido criada para disputar território com os "Justiceiros da Fronteira", conhecidos por agir de forma organizada desde 2010 e atuar matando pessoas que julgam suspeitas de praticarem furtos e roubos nos dois lados da fronteira do Paraguai com o Brasil.

O UOL entrou em contato com o Itamaraty para buscar detalhes sobre o acompanhamento do caso por parte das autoridades brasileiras, mas, até o momento, não obteve resposta.

Brasileiros na mira

A morte de Carlos Limar se assemelha ao assassinato de Rógerio Laurete Buosi, de 26 anos, morto com treze tiros, em casa, no mesmo município, no último sábado (25). Segundo a polícia local, na ocasião, o corpo também estava junto a um recado. Nele, estava escrito "não roubar na fronteira". A morte foi atribuída ao grupo criminoso "Justiceiros da Fronteira".

Ontem, na mesma cidade, Jorge Ortega, de 28 anos, foi morto com 9 tiros, dentro do carro que dirigia, quando chegava em casa. O jovem chegou a ser socorrido, mas morreu após dar entrada no hospital.

Mais cedo, no mesmo dia, do outro lado da fronteira, em Ponta Porã (MS), o empresário Joanir Subtil Viana, de 53 anos, também foi assassinado com disparos de arma de fogo. A polícia investiga uma possível conexão entre as mortes.

UOL buscou o Ministério Público paraguaio, que acompanha os casos de homicídios de brasileiros na região da fronteira, para esclarecer se já há indícios que sustentem a ligação entre os crimes, porém, até a publicação da reportagem, não obteve retorno.

Com informações de UOL