Levantamento aponta bairros de Natal com maiores taxas de mortalidade por Covid

19 de Junho 2020 - 03h30
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Guarapes e Redinha são os bairros na capital onde uma pessoa infectada por covid-19 tem maiores chances de morrer. A informação é do Grupo de Estudos da Dinâmica e Modelagem computacional  de Sistemas Complexos, formado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O estudo, realizado com base na correlação entre dados georreferenciados, rede de contágio, vulnerabilidade e transmissibilidade na região metropolitana de Natal, observou que no bairro Guarapes, zona oeste da capital, a cada 100 pessoas testadas positivamente, 20 vão a óbito. O índice de letalidade no bairro é de 20%, número quatro vezes maior que a média da OMS que é de 5,4%.

Já na Redinha, este índice de letalidade está em 10.6%, indicando um óbito para cada 10 pessoas infectadas. Outros bairros na região metropolitana também apresentam um índice de letalidade acima da média da OMS, como, por exemplo, o Bom Pastor, Lagoa Seca, Dix-Sept Rosado e Nordeste em Natal e os bairros Olho D’Água e Golandim em São Gonçalo do Amarante.

Na fase anterior, o grupo demonstrava que o índice de letalidade está associado à renda. Nesta fase os pesquisadores se concentraram nos bairros mais críticos do momento.  Ao comparar a renda do Guarapes, de aproximadamente meio salário mínimo à média salarial de outros bairros cuja média é de pouco mais que um salário mínimo, a pesquisa indica uma situação de gravidade.

Em comparação, no bairro Petrópolis, que tem maior renda média na capital potiguar, a cada 100 pessoas infectadas, cerca de 2 morrem. Ali, o índice é de 1,83%, cerca de 10 vezes menor que em Guarapes. Outros bairros com renda média alta, como Capim Macio, Tirol e Lagoa Nova, têm taxas de letalidade ainda mais baixas.

No caso de Ponta Negra, por exemplo, a cada 100 pessoas infectadas, cerca de 3 morrem, pois o índice é de 2,6%. “A baixa renda é um fator de risco, pois funciona como uma espoleta para uma série de fatores subjacentes como acesso à saúde, qualidade espacial do isolamento, impossibilidade de ficar em casa, rede dinâmica de contágio em transportes públicos, e outros.  Estes são somadas as predisposições dos fatores da saúde já conhecidos, como os problemas cardíacos, diabetes, sobrepeso, idade. A combinação é fator determinante.” Destaca o professor José Dias do Nascimento Jr., do departamento de física da UFRN.

Nesta fase do estudo, o grupo de pesquisadores da UFRN e UFC analisou os dados epidemiológicos e a letalidade da doença focados em zonas específicas. Além de José Dias, participam do trabalho os pesquisadores César Rennó-Costa (IMD/UFRN), Leandro Almeida (DFTE/UFRN), Renan Cipriano Moioli (IMD/UFRN),  José Soares (Física – UFC),  Humberto Carmona (Física – UFC),   Wladimir Lyra (NM, USA). Colaboradoram também Ricardo Valentim e Ion Andrade, ambos do LAIS/UFRN.