Jovem denuncia bilhete de vizinho criticando suas roupas: 'Senti náuseas'

12 de Maio 2021 - 03h22
Créditos:

Ana Paula Benatti, de 22 anos, se deparou com uma carta anônima embaixo da porta do apartamento onde mora, em Maringá, a 428 quilômetros de Curitiba. O bilhete escrito a mão exigia que ela "tivesse pudor e decência de usar roupas adequadas nas dependências do condomínio".

O caso aconteceu na sexta-feira (7) e foi compartilhado pela jovem nas redes sociais, além de ter sido denunciado hoje em um boletim de ocorrência na Polícia Civil, com o objetivo de que o responsável pelo recado inconveniente seja identificado.

"A senhora não está tendo o respeito usando roupas vulgar (sic). Não sei de onde veio, mas aqui mora gente de família. Então, por favor, dá-se o respeito porque eu como homem e pai de família, fiquei com vergonha de estar com minha filha e a senhora quase nua lá fora. (...) Aqui não é zona. Respeite as famílias desse lugar", dizia a carta recebida pela jovem.

Ana Paula conta que ficou constrangida e indignada ao ler o recado deixado no apartamento. Ela procurou a 9ª Subdivisão Policial de Maringá e registrou a ocorrência. A reportagem procurou a corporação para saber como anda a investigação, mas ainda aguarda o retorno.

"Eu não esperava que iria ler algo tão absurdo. Quando eu comecei a ler, no momento eu senti náuseas. Fiquei indignada. Não queria acreditar no que estava lendo. Foi um absurdo total e me julgou sem me conhecer", afirmou.

Short teria motivado carta

A jovem diz não saber que roupa o vizinho julgou como "vulgar", mas acredita que tenha sido julgada ao usar short e blusa nas dependências do condomínio.

"Se a intenção da pessoa buscava fazer eu desistir de morar no condomínio, conseguiu tirar minha paz somente naquele dia. Continuo indignada, mas quem me fez o mal foi ela. Independentemente do que eu vestir, deve ser respeitado. Estava com shortinho e blusinha, só isso", ressaltou.

O condomínio, segundo Ana Paula, prometeu buscar identificar o morador que produziu a carta anônima através da inspeção das câmeras de segurança nas áreas em comuns. Não existem imagens internas dos blocos de apartamentos.

"As mulheres não devem se calar por motivo algum. Nós somos livres para usarmos o que a gente quiser e não algo para agradar alguém que acha isso errado", declarou a jovem, que contratou um advogado para acompanhá-la no processo. "Vou levar o caso até onde eu conseguir, até o final", completa.

O UOL buscou contato com o condomínio através do número de telefone que consta no cadastro da Receita Federal, mas as ligações não foram atendidas.

Com informações do UOL