João Avelino versus Siderley Toscano

21 de Janeiro 2020 - 07h13
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Diante da briga tola ocorrida nas coxias e nas redes sociais esta semana em que os mais antigos e tradicionais times da Capital se digladiaram por conta de um Rato, lembrei como o nosso futebol é pródigo em histórias de brigas e discussões em campo e fora dele em bastidores nunca imaginados, podendo ser editado um compêndio de episódios, uns mais graves, outros até mesmo burlescos.

No retorno pós-recesso, após vinte e cinco dias ausente do Portal, o blog traz uma interessante passagem ocorrida no ano de 1976.

O Potyguar de Currais Novos foi o primeiro representante do futebol seridoense no campeonato potiguar na nova era do chamado esporte bretão após a inauguração do Castelão, em 1972. 

Iniciado o Estadual, o ABC FC estava invicto no primeiro turno com três vitórias e foi jogar em Currais Novos. A delegação ficou hospedada no Hotel Tungstênio, no centro da cidade. O treinador do alvinegro era João Avelino, baixinho matreiro, esperto e bom malandro. Pensando em jogar pressão na equipe neófita na competição, assim que desceu do ônibus tratou de reclamar das instalações do hotel. Os apartamentos eram divididos entre quatro ou cinco atletas e não havia camas para todos, sendo disponibilizadas redes. O reclamo não deu em nada e azedou a relação entre a direção do hotel e a delegação.

Mais tarde, na hora da refeição, Avelino tornou a tecer críticas desta feita ao cardápio, reclamando de um picadinho que seria servido. A administração do hotel recorreu a Siderley Toscano, empresário das comunicações e diretor de futebol do Potyguar, que foi pessoalmente ao local, mostrando ao treinador do ABC que a refeição estava conforme solicitada pelo médico do clube, Dr. Eriberto Rocha.

O treinador disse que não queria falar com dirigente, mas com o cozinheiro, provocando Siderley dizendo que “cartola não entende de comida”. Insistiu na discussão, subiu o tom de voz e apontou o dedo para o rosto do dirigente adversário que, de pronto, afastou o dedo com uma mão e acertou um soco na face do treinador, fechando o tempo na recepção do hotel e exigindo que outras pessoas dos dois clubes interviessem para evitar que os dois se engalfinhassem e alguém virasse picadinho.

No fim do campeonato, João Avelino ganhou o título do Estadual, mas sua malandragem não evitou sair de Currais Novos com o carimbo de uma mão fechada no rosto.

Créditos de Imagens e Informações para criação do texto: Diário de Natal