Jean Paul Prates se abstém em votação sobre dividendos da Petrobras e culpa ministros de Lula

10 de Março 2024 - 10h24
Créditos: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, teve de dar explicações aos acionistas minoritários da companhia, após deixar de votar sobre a distribuição de dividendos da empresa.

De acordo com a coluna Bela Megale, de O Globo, em uma longa reunião realizada para tratar do assunto, Prates alegou que as intervenções dos ministros Rui Costa e Alexandre Silveira inviabilizaram seu posicionamento durante a reunião do Conselho.

O presidente da companhia, além do diretor da Petrobras Sérgio Caetano, tinha acordado com investidores que atuariam para manter os ganhos dos acionistas nos níveis vistos nos últimos anos, mas não conseguiram cumprir a promessa porque, segundo eles, houve articulação do governo e dos empregados para aprovar um recuo de quase 50% nos valores pagos aos investidores, em comparação com 2022.

O fato é que a decisão, contrária aos investidores de curto prazo da empresa, foi formada, com o posicionamento dos cinco representantes do governo no Conselho, que estão diretamente ligados aos ministros da Casa Civil e de Minas e Energia. O Conselho é formado por 11 pessoas. A maioria foi formada ainda com o voto da representante dos empregados da empresa.

Segundo fontes do mercado, Prates chegou a desabafar que teria tentado, em vão, usar de uma estratégia arriscada para garantir os ganhos dos investidores. O presidente da companhia teria, inclusive, ameaçado entregar o cargo, caso os conselheiros do governo não fossem emparedados. O ultimato de Prates, porém, foi ignorado pelo presidente Lula, juntamente com o apelo para barrar a recondução dos conselheiros ligados aos ministros Rui Costa e Alexandre Silveira.

Diante do segundo maior lucro da história da companhia, havia a expectativa, por parte dos investidores, de retomar a curva de altos pagamentos observados ao longo do governo Bolsonaro. De 2021 a 2023, a Petrobras distribuiu R$ 365,5 bilhões aos acionistas. No ano passado, a Petrobras desembolsou mais de R$ 98 bilhões em dividendos, valor bem inferior ao visto em 2022, que ultrapassou a marca histórica de R$ 194 bilhões.

Com a decisão do Conselho, agora os dividendos totais alcançarão cerca de R$ 72,4 bilhões.

A Petrobras disse, por meio de nota, que Jean Paul Prates não forneceu “qualquer tipo de explicação aos acionistas minoritários da companhia sobre sua opção de voto na reunião de colegiado da última quinta-feira”.  “A companhia refuta a insinuação de que o presidente e o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sérgio Caetano Leite, tenham feito um ‘acordo com investidores’ para pagamento de dividendos extraordinários”, diz o texto.

A Petrobras afirma ainda que “é inverídica a informação que o presidente Jean Paul Prates tenha colocado o cargo à disposição, em função da questão ou de qualquer outro tema”.

Com informações de coluna Bela Megale - O Globo