Invasões do MST avançam no Brasil; Lula mantém silêncio e acentua desgaste com o agro

04 de Março 2023 - 04h31
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As invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras produtivas avançam no país, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém silêncio em relação aos episódios. Ao menos cinco ações do movimento foram registradas na Bahia durante esta semana, e a mensagem do governo federal é de tentar resolver o problema "pelo diálogo", mas sem tecer críticas aos avanços. 

O posicionamento do Executivo tem incomodado o setor agropecuário, aumentando o desgaste com a área. "As invasões ocorridas nos primeiros meses deste ano em diversas regiões são o resultado da conivência histórica com a impunidade. É o caminhar, lado a lado, por parte de alguns, com a depreciação da ordem e da lei", criticou a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). 

O grupo, um dos mais robustos do Congresso Nacional, atua na defesa ao direito de propriedade e contra invasões. "A segurança social demanda que a propriedade seja assegurada em qualquer hipótese. Invasões não são meios adequados para requerer a execução da reforma agrária. Nenhum ilícito pode ser justificativa ou meio para uma política pública", reforçou a FPA em uma nota de repúdio aos avanços do MST. 

O presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBA), associação que representa o setor florestal para fins industriais, também criticou as invasões em fazendas da empresa Suzano, que atua na produção de celulose. "Além do flagrante desrespeito à legislação, as ações, em vez de promover justiça social, acarretam prejuízos econômicos e sociais, pondo em risco empregos e renda", afirmou Paulo Hartung. 

Nesta semana, três fazendas da Suzano foram invadidas. Houve registro de derrubada de árvores em uma das localidades. A justificativa dada pelo MST é o descumprimento, por parte da empresa, de um acordo firmado em 2011 para o assentamento de famílias.

Além disso, o movimento afirmou que o ato serviu para denunciar a monocultura de eucalipto na região e o uso de agrotóxicos pela empresa. "Exigimos que arquem com os graves passivos ambientais, sociais e econômicos", declara a página oficial do movimento.

A Justiça determinou a reintegração de posse de uma das fazendas invadidas, em Mucuri, e previu multa de R$ 5.000 por dia em caso de descumprimento e uso de força policial para a retirada dos ocupantes. 

As invasões contrariam o discurso do presidente Lula. Na campanha eleitoral, o petista chegou a dizer que o MST não ocupava propriedades produtivas, como são as áreas da Suzano.

Com informações de R7