Indústria puxará crescimento econômico do Brasil em 2020, diz presidente da CNI

09 de Janeiro 2020 - 03h40
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O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, fez um prognóstico segundo o qual a indústria vai “puxar o crescimento econômico do Brasil em 2020”. Em artigo publicado no jornal o Globo, ele projeta uma expansão da atividade industrial, com destaque para a construção civil, que poderá criar milhares de empregos, desde que sejam mantidos os rumos da política econômica que favorecem o desenvolvimento e a produção. Robson de Andrade afirma que esse cenário favorece projetos que esperavam tempos melhores para sair da gaveta.

 

No artigo, ele diz que, nos últimos anos, o Brasil passou por altos e baixos, simbolizados pela imagem do Cristo Redentor decolando ou caindo em parafuso na capa da revista britânica “The Economist”. “Depois de uma euforia que se mostrou injustificada, seguida da mais grave recessão da nossa história, chegou o momento de, com base numa firme política de melhora do ambiente de negócios, crescer de maneira sólida e constante”, destacou.

 

Para o presidente da CNI, é preciso “aproveitar que as nuvens estão se dissipando para aprofundar as reformas estruturais que levarão o país ao crescimento num ritmo mais vigoroso a partir de 2020”. Ele afirmou que “as medidas adotadas pelo governo federal e pelo Congresso Nacional ao longo de 2019, de caráter marcantemente liberalizante e pró-mercado, deixaram os empresários otimistas quanto à possibilidade de uma aceleração da taxa de expansão da economia”.

 

“Se o panorama auspicioso for confirmado por novas iniciativas daqui por diante, a sensível melhora da confiança que já verificamos hoje vai, por certo, propiciar o aumento dos investimentos, fator essencial para a recuperação do emprego, a geração de renda e a elevação do consumo”, apontou ele, no artigo.

 

O presidente da CNI destacou que essa retomada deverá propiciar um ano com características econômicas diferentes dos anteriores. “Diferentemente do que ocorreu no período recente, o ano começará com a atividade econômica numa curva ascendente, o que favorece a realização de projetos que esperavam tempos melhores para sair da gaveta”.

 

Os próximos três meses serão decisivos. “É fundamental iniciar o primeiro trimestre no terreno positivo, em especial após tanto tempo andando para trás ou marcando passo. Segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os investimentos devem ter uma alta de 6,5% em 2020, empurrando o crescimento da indústria brasileira para 2,8% e da economia para 2,5%” afirmou.

 

Ele acrescentou que a reforma da Previdência é uma batalha que teve seus aspectos principais vencidos. “Outros avanços foram a Lei de Liberdade Econômica, a queda da inflação, a consequente redução da taxa básica de juros ao menor nível da história e atos como o fechamento do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia”, disse. E ressaltou: “Agora, as atenções se voltam prioritariamente para a reforma tributária: é imprescindível diminuir a complexidade do atual sistema de cobrança de impostos, unificar tributos, reduzir o número de obrigações acessórias, e desonerar as exportações e a produção. Isso vai facilitar enormemente a vida das empresas”.

 

Para Robson de Andrade, é preciso também aprovar, no Congresso Nacional, a reforma administrativa e as medidas do pacto federativo consolidadas no Plano Mais Brasil. Isso vai contribuir para o controle das despesas e reequilibrar o orçamento público de modo efetivo e permanente, o que ampliará investimentos em infraestrutura, educação, saúde e segurança pública.

 

“Da mesma forma, são indispensáveis novos aperfeiçoamentos nas relações trabalhistas, a ampliação do financiamento à produção, a redução do custo do capital nos empréstimos às empresas, o fortalecimento do BNDES e a qualificação da mão de obra, além de incentivos à inovação”, defendeu.

 

Neste cenário, disse o presidente da CNI, e “com a perspectiva de que o governo e o Congresso continuem seguindo na direção correta no que diz respeito à economia, o crescimento da indústria deve ser o maior desde 2011, contribuindo para a recuperação do quadro negativo após a recessão. Todos os ramos industriais devem ter expansão, mas o destaque pode vir para a área de construção civil, que deve responder bem à queda de juros nos contratos do setor imobiliário”.
Esse desempenho do setor industrial vai impulsionar fortemente o emprego, com a geração de centenas de milhares de postos de trabalho, visto que o segmento é intensivo em mão de obra.