Pesquisadores identificam 42 genes para conhecer melhor a doença de Alzheimer

06 de Abril 2022 - 08h02
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Um grupo de pesquisadores europeus identificou 75 áreas do genoma humano associadas à doença de Alzheimer, das quais 42 nunca tinham sido relacionadas à doença. A nova lista de genes oferece oportunidade para melhor compreensão dos processos degenerativos, assim como novas pistas para tratamento mais eficaz.

O estudo recolheu dados de 111.326 casos para caracterizar o quadro genético da doença de Alzheimer. Para estudo comparativo foram também analisados dados do genoma humano de 677.663 indivíduos saudáveis.

Os genomas foram fornecidos por clínicas em mais de 15 países da União Europeia e dados provenientes da Argentina, Austrália, do Brasil, Canadá, da Islândia, Nigéria, Nova Zelândia, do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Os 42 genes associados à doença indicam novos caminhos para combater sua progressão.

Se o tabagismo, a atividade física ou a dieta podem influenciar o risco de desenvolver o Alzheimer, Williams destaca que a genética pode também contribuir para a patologia.

Na nova lista estão identificados genes associados a processos de inflamação e células do sistema imunilógico que podem danificar células cerebrais.

A análise detalhada de um regulador imunológico chamado Lubac, necessário ao corpo para ativar os genes e prevenir a morte celular, foi um dos pontos de partida.

O estudo descobriu que a microglia, célula do sistema imunológico no cérebro, que tem por missão "tirar o lixo" – limpar os neurônios danificados – desempenha papel fundamental em pessoas diagnosticadas com doença de Alzheimer.

O estudo identificou também genes associados à inflamação, que envolvem citocinas ou proteínas capazes de provocar a morte de células tumorais. O mau funcionamento dessas proteínas pode permitir que inflamações evoluam para tumores.

O corpo desencadeia processo inflamatório como mecanismo de defesa para matar agentes patogênicos. Desempenha também papel na remoção de células danificadas. O estudo encontrou um conjunto de genes associados às proteínas de Necrose Tumoral Alfa, como é denominado.

Durante a análise desses processos, a investigação encontrou uma proteína que se destacou no sistema imunológico para regular a inflamação. Embora o verdadeiro papel do processo químico seja reunir as defesas do corpo para a luta contra a infecção, essa reação também tem impacto em muitas doenças autoimunes, nas quais o corpo se volta contra si mesmo, como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn e diabetes tipo 1, explicam os cientistas.

As interações genéticas foram encontradas pelo estudo e todas mostram que "a doença de Alzheimer é multifatorial, composta de diferentes patologias, e cada pessoa tem seu próprio caminho", disse Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer, do Centro de Saúde do Cérebro, da Faculdade de Medicina Schmidt da Florida Atlantic University.

Essas descobertas fornecerão aos cientistas novos indicadores e ferramentas para tratamentos, medicamentos e conselhos para alterações de estilo de vida, que podem reduzir o risco da doença cerebral, dizem os pesquisadores.

Com informações da Agência Brasil