Golpista do resort deixa família à deriva em Fernando de Noronha

09 de Outubro 2022 - 06h58
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga mais um golpe aplicado pela agente de viagens Emanuelle Mendes Araújo, conhecida como a golpista do resort. A estelionatária costuma vender falsos pacotes de luxo para hotéis em praias paradisíacas. Desta vez, uma empresária de Águas Claras amargou prejuízo de R$ 10 mil ao comprar uma viagem para o arquipélago de Fernando de Noronha.

Em agosto, a coluna já havia publicado matéria mostrando o calote sofrido por uma família com 34 pessoas, que investiu mais de R$ 200 mil em uma viagem para um resort de luxo no Nordeste, mas nunca conseguiu embarcar. As vítimas acusaram a agente de vender os pacotes fictícios e não devolver o dinheiro.

No caso mais recente, a dona de um salão em Águas Claras, Patrícia Prolo Ruaro, 44 anos, contou ter negociado a viagem – entre os dias 28 de setembro e 4 de outubro – com Emanuelle. Para isso, a empresária desembolsou R$ 7 mil pela hospedagem em uma das pousadas que funciona na ilha.

Dor de cabeça
Toda a transação ocorreu por meio do WhatsApp. “Poucos dias antes de viajar, recebi um voucher da hospedagem com a descrição do hotel e as diárias. Saí de Brasília no dia 28 e, ao chegar em Fernando de Noronha, o transfer não foi me buscar”, lembrou. Desconfiada, Patrícia foi direto para o hotel. Ao chegar, apresentou o voucher recebido e foi informada por uma funcionária que não existia tal documento no sistema.

“Liguei imediatamente para Emanuelle e ela comunicou a troca de hotel, informando que o outro seria melhor. Quando chegou na outra pousada, disseram que estava tudo certo. No outro dia de manhã, fui chamada na recepção e informada que não houve pagamento de todas as diárias, apenas de uma e que se quisesse ficar teria que pagar todas as diárias”, disse.

Procurada novamente pela família, a agente de viagens disse que “resolveria” o problema. Nas horas seguintes, a golpista já não atendia as ligações da família. “Dessa forma, teve que pagar novamente o valor de R$ 9.904,13 referente ao restante da estadia. Passei por todo o constrangimento e problemas que não deveria. Eu paguei por uma viagens para passar momentos de lazer e não de dor de cabeça”, desabafou.

Investigação
De acordo com ocorrência registrada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), uma família de 34 pessoas adquiriu os pacotes em 2019 e pretendia viajar em 2020. No entanto, a pandemia provocada pelo novo coronavírus obrigou o grupo a adiar os planos, e o embarque foi remarcado para 16 de fevereiro deste ano, o que jamais ocorreu.

A família investiu mais de R$ 200 mil na viagem para um resort de luxo no Nordeste. As vítimas acusam a agente de viagens de vender os pacotes fictícios e não devolver o dinheiro.

Segundo uma das vítimas ouvidas pela coluna, no início, ninguém havia percebido que se tratava de um golpe, pois algumas pessoas já haviam viajado com serviços prestados por Emanuelle sem haver qualquer tipo de problema.

O outro lado

Procurada pela coluna, a agente de viagens informou que trabalha “neste ramo há 23 anos”, nunca lesou ninguém e é “uma pessoa honesta”.

Por e-mail, ela contou a própria versão do caso relatado na reportagem, que será disponibilizado na íntegra. Apenas os nomes das vítimas serão omitidos:

“No final do ano de 2019 atendi a uma cliente que, inclusive viajou comigo outras vezes, para fecharmos quatro diárias no Resort, em uma tarifa promocional, na época pelo valor de R$ 698 cada diária. Ou seja, esse montante de R$ 200 mil nunca existiu. Ela comprou cinco apartamentos para levar os filhos e viajarem em abril de 2020 para comemorar o aniversário dela. Contudo, veio a pandemia e não puderam viajar. Posteriormente a nora dela comprou mais dois para levar as filhas, porém, a pandemia e os sérios problemas de saúde dessa pessoa fizeram com que remarcassem nova data por mais duas vezes e, por fim, ficou certa a viagem para 17 a 21/02 Fevereiro de 2022.

Contudo, quatro dias antes do embarque, quando eu pedi os vouchers para enviar a todos, percebi que a remarcação estava feita para o mês de março (17 a 21/03). Logo entrei em contato com a operadora para tentar fazer o ajuste mas infelizmente o hotel não tinha mais vaga por estar muito em cima da hora. Entrei em contato com o meu cliente principal e avisei a ele, tendo ele repassado a informação ao restante do grupo.

Desde então, fiquei três dias inteiros com eles em meu escritório me pressionando para que eu pagasse outro Resort no mesmo nível do que havia contratado, contudo a alteração para a nova data solicitada superava o montante de R$ 80 mil, o qual não tenho condições de arcar.

Por isso, dei como opção de viajarem em março como já estava marcado, ou o reagendamento para outra data, possibilitando ainda, crédito para novas viagens ou a opção de reembolso daquilo que pagaram, em conformidade com as opções impostas por lei.

Alguns casais aceitaram a data de embarque para março, outros ficaram com o crédito para remarcar, e outros solicitaram reembolso da qual inclusive receberam.

O casal em questão não aceitou nem o crédito, nem o reembolso e nem a possibilidade de reagendamento e sofri agressão dentro do meu estabelecimento. A filha dela que quebrou a minha loja inteira e só não me agrediu porque o esposo dela a segurou, fui registrar um boletim de ocorrência na mesma 21ª DP e sofri ameaças e insultos na porta da delegacia e, desde então, venho sendo ameaçada por ela de que se não pagasse ela iria acabar comigo na imprensa, tenho todas as ameaças, filmagens no meu escritório e os comprovantes como seguem.

Deixo registrado que as alterações das datas não se deram por minha imposição, mas por liberalidade dos contratantes, bem como foram oferecidos aos contratantes todas as possibilidades impostas por lei, como o reembolso, o crédito e a remarcação para nova data, em conformidade com o CDC e a lei 14.046/2020, não se tratando, a questão aventada de hipótese criminal, uma vez que os contratantes sempre tiveram a opção de desistência e reembolso à disposição”.

Com informações do Metrópoles