Globo tem queda de 11% na receita; confira faturamento em 2020

26 de Março 2021 - 12h37
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A Globo Comunicação e Participações, maior grupo de mídia do Brasil, teve faturamento de R$ 12,5 bilhões no ano passado. Isso significou uma queda de 11% sobre o valor faturado em 2019, que somou R$ 14 bilhões. Os dados foram publicados em reportagem do Valor Econômico nesta sexta-feira (26). O jornal Valor pertence ao grupo comandado pela família Marinho.

O conglomerado divulgou que teve lucro líquido consolidado de R$ 167,8 milhões em 2020, uma queda de 77,7% em comparação aos R$ 752,5 milhões registrados no ano anterior.

De acordo com Valor, “apesar das dificuldades causadas pela pandemia, a empresa manteve, no ano passado, investimentos de R$ 4,5 bilhões em conteúdo e de mais de R$ 1 bilhão em tecnologia”.

A redução do lucro, diz a Globo, foi provocada “pelo efeito da desvalorização do real sobre a dívida em dólar da empresa, sem efeito caixa”. O grupo terminou 2020 com um caixa declarado de R$ 13,6 bilhões, montante que seria “equivalente a 2,5 vezes a dívida da companhia no fim do ano, de R$ 5,4 bilhões”.

No caso da diminuição da receita líquida consolidada (de R$ 12,5 bilhões no ano passado frente a R$ 14 bilhões de 2019), a maior baixa “foi na publicidade, que responde por 60% da receita total”.

A Globo informou ter perdido 17% de faturamento em publicidade em 2020 na comparação com 2019. “Já nas receitas de conteúdo, que são os restantes 40% do bolo, o desempenho ficou ‘em linha’ com 2019”, disse o grupo.

A redução na receita de publicidade tem sido frequente para todos os meios de comunicação tradicionais, devido à forte concorrência das empresas de tecnologia, com o Google conquistando quase todas as verbas do mercado. Há pelo menos 3 anos, o Google no Brasil fatura sozinho mais do que Globo em publicidade.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Globo Comunicação e Participações foi de R$ 688 milhões, “queda de 26% sobre os R$ 933 milhões de 2019”. De acordo com a companhia, “a margem Ebitda foi de 6% ante 7%, no ano anterior”. Já o resultado operacional líquido “foi de R$ 366,3 milhões, 36% abaixo dos R$ 573 milhões de 2019”.

Os resultados em 2020 em “terreno positivo" são "motivo de comemoração”, afirma o diretor-geral de finanças da Globo, Manuel Belmar, citado pelo jornal.

A empresa teve que diminuir custos fixos. Houve corte de 11% nos custos relacionados a vendas e de 7% nos custos gerais.

O lucro acabou caindo mesmo assim principalmente devido ao impacto da desvalorização do real frente ao dólar. A dívida em dólares da Globo e a desvalorização do câmbio causaram efeitos no item despesa financeira. Por essa conjuntura, diz a empresa, “essa linha do balanço, que havia sido negativa em R$ 411,8 milhões em 2019, subiu para R$ 1,9 bilhão em 2020”.

A Globo tem dívida atrelada a 3 emissões de bônus que vencem nos anos de 2025, 2027 e 2030. O diretor Manuel Belmar, afirma que “a situação do endividamento é confortável uma vez que a empresa tem capital próprio para suportar as operações”. A dívida também conta com cobertura contra risco e parte dela tem contrato de troca de moedas para reais.

A companhia tem sofrido forte impacto com a pandemia. A produção de conteúdo próprio precisou ser interrompida por vários meses. Também houve o adiamento do calendário esportivo.

A Globo tem cerca de 14.000 colaboradores. “Em março de 2020, cerca de 75% dos funcionários passaram a trabalhar de casa. Os restantes 25% continuaram no trabalho presencial”, disse a empresa.

Na semana que está se encerrando, diante de novo revés devido ao recrudescimento da pandemia, a emissora empresa uma nota: “Em decorrência do agravamento da crise pandêmica e das medidas restritivas estabelecidas pelas autoridades locais, a Globo se antecipou e definiu que, a partir de hoje, dia 23 de março, as gravações das obras de dramaturgia serão interrompidas. Séries e novelas só deverão voltar a gravar no dia 5 de abril, ao final do prazo decretado pelas Prefeituras do Rio de Janeiro e São Paulo”.

Desde o ano passado, quando deixou os estúdios fechados, a Globo passou a exibir reprises. De acordo com a empresa, “mesmo forçada a exibir algumas reprises, os Canais Globo falaram em 2020 com 100 milhões de pessoas por dia. Já os produtos digitais de jornalismo (G1), de esporte (GE) e de entretenimento (Gshow), o Globoplay e o ‘fantasy game’ Cartola FC alcançaram, em média, 100 milhões de pessoas por mês”.

O Globoplay, aposta da para a emissora ganhar espaço no setor de streaming, “aumentou o volume de assinantes em quase 80%” em 2020. A Globoplay tem parceria com a Walt Disney Company. Está sendo comercializado desde novembro de 2020 um combo de assinaturas Globoplay e Disney+.

Atualmente, o aplicativo Globoplay já vem de fábrica em televisores da Samsung, LG, Sony, Panasonic, Philco, Philips, AOC e TCL, além de ser compatível com Android TV,  Apple TV Ger4 e Roku.

Fonte: Poder360