Fraude no INSS: associações de fachada movimentaram R$ 1,7 bi

02 de Maio 2025 - 12h46
Créditos: Sérgio Lima

Levantamento da Polícia Federal revela que dirigentes de entidades envolvidas na fraude bilionária do INSS atuavam como laranjas de empresários que lucravam com descontos indevidos em contracheques de aposentados. Pelo menos sete entidades, que firmaram parcerias técnicas com o INSS e arrecadaram R$ 1,7 bilhão, estão sob investigação.

Entre os responsáveis por essas associações estão beneficiários do Bolsa Família, idosos com renda de R$ 1,3 mil e até uma funcionária da limpeza de empresa que movimentou milhões, segundo o portal Metrópoles.

Destaque para a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), que firmou acordo em 2021, na gestão de José Carlos de Oliveira — posteriormente ministro da Previdência no governo Bolsonaro — e movimentou R$ 168 milhões. Na época, era presidida por Raimunda da Cunha, de 81 anos. A AAPB também concedeu procuração com plenos poderes ao advogado Roberto Marinho Luiz da Rocha, envolvido no fluxo financeiro da entidade. A associação teria pago valores a Cecília Mota, suspeita de intermediar repasses a servidores do INSS.

Outra entidade investigada é a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional, que já movimentou R$ 233 milhões. Conhecida como ABSP, foi descredenciada em 2019, mas teve contrato reativado por André Fidelis, ex-diretor do INSS, investigado por suposta propina e ligações com Cecília Mota e o “Careca do INSS”, considerado articulador do esquema.

Na presidência da AAPEN estava Maria Eudenes dos Santos, ex-beneficiária de programas sociais. Ela deu plenos poderes a Tiago Alves de Araújo, que viajou 15 vezes a Portugal com Cecília Mota e recebeu R$ 120 mil do escritório ligado a ela.