Facção criminosa domina paraíso turístico do Nordeste e toca terror

27 de Novembro 2023 - 12h57
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O cenário exuberante das praias e das piscinas naturais de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), esconde a atuação de uma facção criminosa que domina o tráfico de drogas no balneário. Por ano, o grupo chega a faturar R$ 10 milhões, segundo anotações obtidas pela polícia.

A facção impôs uma lei de silêncio entre moradores para conter denuncias à polícia. Quem foge à regra, é torturado e pode até ser morto. Além de cooptar jovens para o crime, a facção abriu um tentáculo para entrar na política, segundo investigação.

A Trem Bala/ CLS (Comando Litoral Sul) foi criada em meados de 2019, quando chegou ao auge e mudou a rotina de Porto, segundo o promotor de Justiça Rodrigo Altobello, que atua em Ipojuca.

A facção tem relação estreita com o CV (Comando Vermelho), maior fornecedor de drogas para o grupo.

Dos R$ 10 milhões que o grupo chega a faturar por ano, R$ 200 mil são só para compra de armas de fogo. O grupo também é conhecido por ações ousadas, como a explosão ao presídio de Limoeiro para resgatar presos e a compra de armas roubadas da própria polícia.

A polícia já realizou várias operações e prisões contra a facção. Porém, o grupo segue vivo e atormentando a população local.

No último sábado, um tiroteio na comunidade Salinas deixou três mortos e alguns feridos durante uma ação policial. A polícia recebeu denúncias de moradores da comunidade que estavam ameaçados pela facção. 

Ao longo de três anos, a Polícia Civil investigou a atuação do grupo, que conseguiu prender os chefes e entender o funcionamento do grupo. A operação Manguezal Vermelho, realizada em junho, foi a maior contra a facção e prendeu 24 pessoas. Ela resultou, em seguida, no indiciamento de 50 suspeitos.

A violência extrema do grupo é uma marca e chamou a atenção das autoridades. Em um dos casos investigados, a polícia recebeu a informação que uma jovem foi sequestrada de sua casa, torturada, morta e enterrada de cabeça para baixo no mangue.

O delegado afirma que o grupo costumava matar rivais que tentavam tomar território, pessoas que a denunciaram à polícia e até aqueles que praticavam crimes patrimoniais nas comunidades.

Porto de Galinhas tem índices de violência "bastante baixos" e casos de roubos e homicídios são "atípicos", segundo o delegado. "Com as últimas operações de prisão de lideranças, a gente já percebe a diminuição de crimes."

Ele explica que os recentes assaltos a pousadas estavam sendo praticados este ano por um único homem da facção, que realizou seis roubos. "A gente tinha achado em 2020 um caderno com anotações do tráfico, que citava ele como o contador da facção. Recentemente, investigando esses roubos, identificamos e prendemos ele, que agia sozinho.

Além de muitas armas, a facção exibe dinheiro adquirido por crimes cantando raps em vídeos no Youtube. 

Em uma das canções, a CLS comemora a ação de explosão ao muro do presídio de Limoeiro, ocorrido em 2020, que fez com 27 detentos fugissem. O caso é tratado como um ato de "heroísmo dos irmãos."

Com informações de UOL