
Vinte anos após o escândalo do mensalão, o PT afirma ter sido injustiçado. O episódio, que abalou o primeiro governo Lula, ainda é tratado como tabu dentro da sigla, mesmo com condenações impostas pela maioria dos ministros do STF.
A denúncia partiu de Roberto Jefferson (PTB), então aliado do governo, ao revelar à Folha de S.Paulo que parlamentares da base recebiam mesadas do Planalto em troca de apoio no Congresso. O esquema de compra de votos atingiu o alto escalão petista e quase levou Lula ao impeachment.
Entre os 40 denunciados, estavam nomes como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares — todos afastados, condenados e presos. Genoino deixou a presidência do PT após o episódio do “dólar na cueca”, envolvendo seu irmão. O então ministro Tarso Genro assumiu o partido: “Minha função era rejuntar os pedaços”, disse.
Lula, na época, declarou: “Me sinto traído. O PT tem que pedir desculpas”. A fala veio após o marqueteiro Duda Mendonça admitir ter recebido pagamentos do partido no exterior.
A visão interna do PT mudou após o julgamento em 2012. Hoje, petistas criticam a atuação do relator Joaquim Barbosa e questionam o uso da teoria do domínio do fato, que embasou a condenação de Dirceu.
Sem o tom de enfrentamento visto na Lava Jato, o partido passou a defender que houve perseguição política e injustiças jurídicas. “Fui transformado em bandido de um dia para o outro”, disse Dirceu à Folha.
Apesar da maioridade do caso, o mensalão segue como cicatriz aberta na história do PT.